Maior morcego vampiro do mundo gosta de abraçar e dividir comida

Nem todo morcego é sinônimo de mistério ou medo. Uma pesquisa publicada na última quarta-feira (20/8) na revista científica PLOS One trouxe à luz hábitos surpreendentes do morcego-espectral (Vampyrum spectrum), o maior morcego vampiro do mundo. Além de caçar e se alimentar de carne e sangue, a espécie exibe comportamentos de afeto e cooperação que chamaram a atenção dos cientistas: abraços, toques de focinho e até o ato de dividir comida.

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O estudo foi realizado na Costa Rica entre 2023 e 2024, quando pesquisadores instalaram uma câmera infravermelha em um tronco oco de árvore. Ao longo de 60 dias de observação, eles registraram mais de 500 momentos de interação social. Entre as gravações, 73 vídeos foram analisados detalhadamente. As imagens mostraram não apenas a rotina do grupo, mas também formas inesperadas de cuidado e vínculo.

Um dos comportamentos mais marcantes foi descrito como uma “bola de abraço”. Durante o descanso, os morcegos enrolavam as asas uns nos outros, mantendo os focinhos próximos em um contato contínuo.

“O comportamento mais cativante era formar uma bola de abraço bem apertada ao adormecer”, relatou Marisa Tietge, pesquisadora do Museu de Natureza de Berlim e coautora do trabalho, no artigo.

Outro ponto de destaque foi o compartilhamento de alimento. Pais e indivíduos maiores repassavam presas para os mais jovens, especialmente durante a transição dos filhotes do leite materno para a carne. Essa divisão de recursos indica que ambos os pais participam ativamente do cuidado com a prole, um traço pouco comum entre mamíferos carnívoros.

O morcego-espectral, espécie rara e quase ameaçada de extinção, mostrou que também sabe ser carinhoso — com abraços apertados e até “beijinhos de esquimó

Além disso, os registros incluíram brincadeiras e saudações entre os morcegos, o que sugere uma complexa rede de interações sociais. Embora os pesquisadores ressaltem que não é possível atribuir emoções humanas a esses comportamentos, o fato de a espécie adotar formas tão próximas de cooperação e afeto contribui para entender como a vida em grupo influencia a sobrevivência e reprodução.

Encontrados em florestas tropicais, áreas pantanosas e florestas nubladas da América Central e do Sul, os morcegos-espectrais são considerados raros e classificados como “quase ameaçados” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A descoberta de seus hábitos gentis não só ajuda a compreender melhor sua biologia, mas também reforça a importância da conservação desses animais que, apesar da fama sombria, têm muito a revelar sobre a diversidade da natureza.

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