Saber que uma pedra gigante está vindo em alta velocidade para a Terra não é uma notícia nada animadora. A lembrança que vem à cabeça é logo a do asteroide que atingiu o nosso planeta há 66 milhões de anos e dizimou a existência dos dinossauros e outros seres vivos.
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Segundo um estudo realizado pela universidade norte-americana Olin College of Engineering, a chance anual de um asteroide de mais de 140 metros de diâmetro atingir a Terra é de 0,009%. A pesquisa foi publicada na revista científica Planetary Science Journal neste mês e envolve asteroides grandes o suficiente para causar uma catástrofe.
“Um asteroide colidir com a Terra é como tentar acertar uma lata com um tiro dado a quilômetros de distância. A ‘lata’ (Terra) é ínfima em relação ao espaço ao seu redor e basta um pequeno desvio para que a ‘bala’ (o asteroide) passe longe. Além disso, existem inúmeros fatores que podem alterar a trajetória do asteroide, como campos gravitacionais de outros planetas”, descreve o professor de física Raphael Campos, do colégio Rio International School (RIS), no Rio de Janeiro.
Campos explica que planetas como Júpiter e Saturno e outros gigantes gasosos atuam como grandes escudos gravitacionais, desviando ou atraindo asteroides que poderiam rumar ao nosso planeta.
Como foi feito o estudo
Liderada pela física Carrie Nugent, a equipe de pesquisa analisou os Near-Earth Objects (objetos próximos à Terra, na tradução em português). São classificados assim asteroides e cometas que passam a até 195 milhões de quilômetros do nosso planeta. Em escala astronômica, a distância é considerada próxima.
Além disso, os pesquisadores focaram em objetos com mais de 140 metros de diâmetro – tamanho maior que um campo de futebol oficial –, pois esses seriam capazes de causar catástrofes.
Utilizando uma representação matemática de crescimento e dinâmica da população de Near-Earth Objects e cálculos sobre suas órbitas, foram simuladas trajetórias de cinco milhões de objetos durante 150 milhões de anos. Os cientistas identificaram três impactos com a Terra. Segundo o estudo, em média, um asteroide poderia atingir o planeta a cada 11 mil anos.
Segundo o astrofísico Adam Smith, apesar das chances extremamente pequenas, o risco não é zero e por isso as agências espaciais estão sempre monitorando asteroides. “Com o tempo, o acúmulo dessa pequena probabilidade pode se tornar comparável a outros riscos mais comuns, como ser atingido por um raio ao longo da vida”, afirma o professor da Universidade Católica de Brasília (UCB).
Por que as estimativas de colisão de asteroides mudam tanto
É comum as estimativas de colisão de asteroides com a Terra mudarem. Quando um novo objeto é descoberto, os cientistas possuem poucos dados sobre sua órbita, gerando uma margem de erro maior. “É como tentar prever a rota de um carro que você só viu por dois segundos”, diz Campos.
Colisão de asteroide com a Terra poderia causar estragos permanentes
Como asteroides não emitem luz e só refletem a luz solar, podem ficar ocultos por planetas ou luas em algumas situações. Quanto mais perto do nosso planeta, mais detalhes são descobertos pelos especialistas. Conforme os estudos sobre os asteroides avançam, os cálculos ficam mais certeiros.
Medidas para evitar colisões com a Terra
Qualquer impacto de asteroides com grandes proporções na Terra seria catastrófico, podendo causar incêndios, tsunamis e mudanças climáticas extremas que devastariam a existência humana.
Por isso, cientistas desenvolvem maneiras de desviar ou destruir objetos e manter nosso planeta a salvo caso um asteroide chegue perto o suficiente para ser considerado uma ameaça.
Uma das principais estratégias é a colisão proposital de uma nave para alterar a trajetória do asteroide e desvio gravitacional. A Nasa já a testou com sucesso a missão Dart, em 2022.
Durante a missão, uma nave colidiu propositalmente contra o asteroide Dimorphos, que tem cerca de 160 metros de diâmetro, a uma velocidade de 24 mil km/h. O impacto conseguiu alterar a órbita do objeto, porém, a batida causou um impulso maior que o esperado, indicando que os pesquisadores também precisam se preocupar com fatores dinâmicos desconhecidos ao realizar esse tipo de missão.
“Para a missão funcionar de fato, seria necessário muito dinheiro, tempo e esforço internacional coordenado. Por isso, é essencial que as nações trabalhem juntas para prevenir catástrofes em escala global, mesmo que as chances sejam pequenas”, finaliza Smith.
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