Durante a vida inteira, uma mulher holandesa teve alucinações. Desde a infância, ela enxergava algumas coisas que não existiam, mas aprendeu a lidar com as diferenças e seguiu a vida normalmente. Se formou, casou e foi mãe. No entanto, aos 52 anos, a situação piorou e ela começou a ver dragões ao olhar para o rosto das pessoas.
Assustada, ela procurou uma clínica psiquiátrica. O caso foi relatado na revista The Lancet em 2014 e voltou a viralizar nesta semana.
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“Ela conseguia perceber e reconhecer rostos reais, mas depois de vários minutos eles ficavam pretos, desenvolviam orelhas longas e pontudas e um focinho proeminente, exibindo pele reptiliana e olhos enormes em tons de amarelo, verde, azul ou vermelho vivo”, explicaram os profissionais de saúde responsáveis pelo caso no artigo.
Diagnóstico e caso extremamente raro
A equipe médica decidiu realizar exames de sangue e testes neurológicos para investigar a razão das alucinações. A maioria dos resultados não mostrou alterações, porém uma ressonância magnética detectou várias lesões perto do núcleo lentiforme do cérebro.
Segundo o relato de caso, os machucados não eram recentes e podem ter sido causados por rupturas em pequenos vasos sanguíneos cerebrais. Em geral, este tipo de problema acontece por privação temporária de oxigênio antes ou depois do parto.
Os médicos suspeitam que alucinações aconteciam em uma região do cérebro ligada ao reconhecimento de objetos, incluindo também rostos, corpos, palavras e cores – o córtex occipitotemporal ventral.
Médicos descobriram alterações na área responsável por reconhecimento de objetos no cérebro da mulher
Os profissionais diagnosticaram a mulher com prosopometamorfopsia (PMO). Segundo uma revisão de caso de 2021, a condição é rara e foi relatada somente em 81 casos na literatura médica até hoje.
Na PMO, o paciente enxerga as características faciais distorcidas, parecendo aumentadas ou diminuídas, além de esticadas ou fora de posição. A doença também pode se manifestar de outra forma, com a pessoa vendo apenas um lado do rosto distorcido — neste caso, a condição é chamada de hemi-prosopometamorfopsia (hemi-PMO).
A condição está associada a mudanças nas estruturas cerebrais e distúrbios que afetam a função do órgão, como epilepsia, enxaqueca e derrame.
Mulher ainda vê dragões atualmente?
Inicialmente, a mulher foi tratada com doses diárias de ácido valproico, um anticonvulsivante que melhora sintomas de enxaqueca e transtorno bipolar. O medicamento diminuiu as visões, mas causou alucinações com sons de pancada durante o sono.
O remédio foi substituído pela rivastigmina – medicamento utilizado para tratar sintomas de demência em casos de Alzheimer ou Parkinson. Os ruídos cessaram e as alterações visuais continuaram, mas mais controladas. Após três anos de tratamento, a mulher relatou que suas relações profissionais e pessoais melhoram.
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