Existem inúmeras maneiras de diagnosticar uma doença: o médico pode, por exemplo, analisar sintomas respiratórios, olhar a palidez da pele, medir a temperatura ou pedir um exame de sangue.
Esses são os métodos mais tradicionais. Mas e se eu te dissesse que alguns especialistas estão sentindo o cheiro dos pacientes para chegar a uma conclusão? A minha primeira reação foi de incredulidade. A ciência, no entanto, indica que esse pode ser um caminho real.
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Especialistas de várias partes do mundo estão trabalhando em técnicas para detectar sistematicamente biomarcadores olfativos que podem acelerar o diagnóstico de um conjunto de condições médicas. Elas variam do Mal de Parkinson até lesões cerebrais e câncer.
Existe até mesmo uma startup que se especializou nisso. A RealNose.ai está desenvolvendo um nariz robótico para diagnosticar doenças com base no odor das pessoas. Isso com ajuda dos biomarcadores olfativos e da Inteligência Artificial.
De onde surgiu isso?
A inspiração veio dos cachorros.
O olfato dos cães é considerado até 100 mil vezes mais forte que o nosso.
E os cientistas já treinaram os pets para cheirar câncer de pulmão, de mama, ovário, bexiga e próstata nas pessoas.
Em um estudo sobre o câncer da próstata, por exemplo, os cães conseguiram detectar a doença em amostras de urina com um índice de sucesso de 99%.
Outro caso que inspirou a empresa data de 2012 e ganhou as manchetes do mundo todo à época.
Uma enfermeira aposentada chamada Joy Milne disse ter aprendido a identificar o odor do Mal de Parkinson.
Ela conta que descobriu sua capacidade quando observou que seu marido, Les, havia desenvolvido um novo cheiro almiscarado, anos antes.
Posteriormente, ele foi de fato diagnosticado com Mal de Parkinson, uma doença neurodegenerativa progressiva.
A analista química Perdita Barran se interessou pela história e começou a trabalhar com Milne.
Em um dos testes, a enfermeira aposentada precisou cheirar 12 camisetas: seis delas haviam sido usadas recentemente por pacientes com Parkinson e outras seis eram de outras pessoas, sem a doença.
Joy Milne não só identificou corretamente os seis pacientes, como encontrou uma sétima pessoa, que teve um diagnóstico de Parkinson menos de um ano depois.
As doenças têm cheiro?
O caso de Joy Milne é raro, mas não exclusivo. Ela tem a chamada hiperosmia hereditária, uma característica que faz com que seu olfato seja muito mais sensível do que a média dos seres humanos.
Para a maioria de nós, as doenças não possuem nenhum odor característico – nada pelo menos que nos chame a atenção. Para olfatos mais apurados, porém, existem certos quadros com cheiros bem específicos.
O Mal de Parkinson, por exemplo, sobre o qual já falamos, emite um odor almiscarado. Já o hálito ou a pele de pessoas diabéticas com episódio de hipoglicemia pode ter aroma de frutas.
Pacientes com doenças hepáticas, por sua vez, podem produzir um odor sulfuroso ou mofado no seu hálito ou na urina. E, se o hálito tiver cheiro de amônia, peixe ou similar à urina, este pode ser um sinal de doença renal.
O que os cientistas buscam agora é treinar máquinas e narizes robóticos que reproduzam o talento de Milne. No caso da RealNose.ai, a empresa desenvolveu um aparelho que incorpora receptores olfativos humanos reais, cultivados por células-tronco em laboratório.
Eles são ajustados para permitir a detecção das diversas moléculas odoríferas associadas ao câncer da próstata. E, em seguida, o aprendizado de máquina (uma forma de Inteligência Artificial) busca padrões de ativação dos receptores.
Esse pode ser o futuro do diagnóstico médico. Um futuro sem agulhas perfurando as nossas peles.
As informações são da BBC.
O post Odores corporais podem indicar doenças? Veja o que diz a Ciência apareceu primeiro em Olhar Digital.