Uma tempestade de granizo deixou sua marca (literalmente) no sul de Alberta, no Canadá. Com pedras de gelo do tamanho de bolas de golfe, o fenômeno riscou a paisagem com uma cicatriz impressionante de 200 km de comprimento por 15 km de largura. Imagens de satélites da NASA mostram que o estrago é visível até do espaço.
Em registros do dia 19 de agosto, estava tudo normal a sudeste da cidade de Calgary, com áreas verdes e lavouras bem preservadas. No entanto, na noite seguinte, o cenário começou a mudar, depois que uma tempestade supercelular (o tipo mais forte de tempestade) atravessou a província em apenas quatro horas – segundo informado no X pelo Departamento do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Canadá (ECCC).
A strong supercell thunderstorm tracked 300 km over 4 hours across S AB last night. With it came golf ball hail and severe wind gusts in excess of 130 km/h. The storm caused multiple power outages and ultimately a brief closure of Hwy 1 and 36.https://t.co/YZTVFYP67c #abstorm pic.twitter.com/fMUNr5pMVP
— ECCC Weather Alberta (@ECCCWeatherAB) August 21, 2025
Imagem de satélite da região sudeste de Calgary, maior cidade da província de Alberta, no Canadá, antes da supertempestade de granizo. Crédito: Observatório Terrestre da NASA por Michala Garrison, usando dados MODIS do NASA EOSDIS LANCE e GIBS/Worldview
Bombardeio de gelo causa destruição e machuca animais
Além de ventos acima de 130 km/h, a chuva despejou toneladas de granizo sobre o solo. Esse tipo de precipitação acontece quando correntes de ar quente dentro da nuvem empurram gotas de água para camadas muito frias da atmosfera. Lá, elas congelam e voltam ao chão em blocos de gelo.
O impacto do granizo é ainda pior quando vem acompanhado de rajadas intensas, como ocorreu no dia 21 de agosto. Imagens captadas três dias depois revelaram uma extensa faixa clara cruzando a paisagem verde, como se alguém tivesse riscado o chão com um giz – a cicatriz deixada pelo gelo.
Imagem de satélite mostra cicatriz formada pela supertempestade de granizo. Crédito: Observatório Terrestre da NASA por Michala Garrison, usando dados MODIS do NASA EOSDIS LANCE e GIBS/Worldview
Moradores descrevem cenas de destruição. “A frente inteira da casa está destruída”, relatou Colleen Foisy, de Brooks, à CBC News. “A cerca foi arrancada, minhas flores e árvores ficaram em pedaços, minha caminhonete nova está cheia de marcas de granizo e a cobertura do meu barco acabou destruída.”
As áreas rurais também sofreram. Plantações inteiras foram devastadas, e animais ficaram feridos pelo bombardeio de gelo. Segundo seguradoras, só os prejuízos nas lavouras podem alcançar milhões de dólares, sem contar os danos em residências e veículos.
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Alberta é o “Beco do Granizo”
Infelizmente, esse não é um evento isolado. A área é conhecida como “Hailstorm Alley”, ou Beco do Granizo, justamente pela frequência com que enfrenta tempestades desse tipo. Nos últimos 20 anos, ao menos uma grande tempestade de granizo atingiu Alberta a cada verão, sempre trazendo perdas e preocupação.
Veículo destruído por uma supertempestade de granizo ocorrida em 2024 em Calgary, no Canadá. Crédito: Oasisamuel – Shutterstock
A explicação está na geografia da região. As terras agrícolas fornecem umidade, que serve de combustível para tempestades. Esse ar úmido é empurrado em direção às Montanhas Rochosas, sobe rapidamente e favorece a formação de nuvens violentas. Além disso, as altitudes elevadas permitem que o granizo atinja o solo antes de derreter, aumentando a chance de causar destruição.
Em Alberta, os moradores sabem que o verão não significa apenas dias ensolarados. As pedras de gelo também chegam nessa época – geralmente, provocando efeitos devastadores.
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