Um grupo de médicos brasileiros desenvolveu um implante ortopédico inédito para tratar fraturas no colo do fêmur, uma das lesões mais graves e incapacitantes, principalmente para idosos.
Chamado de Haste Intramedular Perpendicular Autocompressiva, o dispositivo foi pensado desde o início para esse tipo específico de fratura, diferente dos modelos atuais, adaptados de outros usos.
A tecnologia já está licenciada para produção no Brasil, com prioridade para a rede pública. Os testes clínicos estão em andamento em hospitais de referência de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
“Já temos 12 pacientes operados e os primeiros resultados são animadores, com mobilização imediata, boa tolerância à dor e início precoce da caminhada com apoio”, afirma o médico ortopedista Anderson Freitas, membro titular da Sociedade de Cirurgia do Quadril, um dos inventores e coordenador dos estudos clínicos.
Mais segurança e recuperação rápida
Segundo Freitas, o diferencial do novo implante está em duas características principais. A primeira é a flexibilidade no posicionamento, que dá ao cirurgião liberdade para ajustar a haste de acordo com o tipo de fratura, garantindo maior estabilidade.
A segunda é a chamada autocompressão, em que o próprio desenho do dispositivo aproxima as bordas do osso quebrado, favorecendo a cicatrização.
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“Quanto mais estável a fratura, mais rápido o osso cola e o paciente volta às suas atividades. Além disso, como a técnica é minimamente invasiva, há menos dor no pós-operatório, menor uso de analgésicos e tempo reduzido de internação”, explica o ortopedista.
Parceria para chegar ao SUS
O implante é resultado de uma colaboração entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a empresa Hexagon. O projeto passou por dois anos e meio de testes laboratoriais e conquistou o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023.
Para a Hexagon, que produz o dispositivo no Brasil, o grande diferencial é oferecer uma solução pouco invasiva e adaptada especificamente ao colo do fêmur. “Estamos preparados para ampliar a produção assim que os testes clínicos forem concluídos”, destacou Paulo Rigolo, CEO da empresa.
A expectativa dos pesquisadores é que, no início de 2026, o implante esteja disponível em larga escala no país, com prioridade para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A inovação deve beneficiar tanto idosos, mais vulneráveis a esse tipo de fratura, quanto jovens vítimas de acidentes de trânsito ou esportivos.
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