IA: o fim ou a evolução da engenharia de software? De “vibe-coding” a um futuro incerto

A influência da inteligência artificial se espalha por todos os setores, mas a própria tecnologia sente o impacto mais diretamente. Na programação, a maneira de escrever código está mudando radicalmente com o “vibe-coding” — uma abordagem que democratiza a criação de softwares. Isso levanta uma dúvida crucial em Silicon Valley: a IA vai extinguir a engenharia de software ou é apenas a próxima etapa em sua evolução? Embora a IA facilite o desenvolvimento, a questão é se essa facilidade é suficiente para formar um engenheiro de software completo, com a profundidade e o conhecimento que a profissão exige.

Em um artigo para o The Verge, Sheon Han explora a complexa relação entre os programadores e as novas ferramentas de IA. Ele descreve sua própria experiência, que evoluiu de uma frustração inicial com a IA para uma parceria eficiente, mas com ressalvas.

Vibe-coding é a capacidade de criar produtos de qualidade variada com pouca experiência em codificação, usando a IA para codificar. (Imagem: Danawan Purbanggoro/ shutterstock)

A ascensão do “vibe-coding” e o dilema da cognição

Sheon Han compara suas primeiras experiências com ChatGPT a uma “Pata de Macaco” amaldiçoada – a IA entregava o que era pedido, mas com um custo de código bagunçado. Contudo, as ferramentas mais recentes se mostraram eficientes para tarefas específicas, como otimizar linhas de código para execução paralela. O segredo é manter o problema “contido”.

O que é “vibe-coding”? É a capacidade de criar produtos de qualidade variada com pouca ou nenhuma experiência em codificação, usando a IA para gerar o código. É como usar uma impressora 3D de alta precisão para pequenas peças, não para um cockpit inteiro.

Offloading da cognição: Pela primeira vez, não estamos apenas tirando a carga de trabalho, mas transferindo a própria capacidade de pensar para a máquina.

Programação intuitiva: O vibe-coding lembra o “debug por tentativa e erro”, uma prática desonrosa na programação, onde a intuição e a sorte substituem o raciocínio deliberado.

O papel do editor-coder: Para usar a IA de forma produtiva, o programador deve agir como um editor, refinando e ajustando o código gerado por meio de prompts sucessivos. A IA também se mostra útil para entender códigos desconhecidos, gerando fluxogramas que economizam horas de trabalho.

Sheon Han diz que é preciso saber quando parar o “piloto automático” e voltar a usar o raciocínio. (Imagens: Rawpixel/ Shutterstock)

Segurança, produtividade e o “esgotamento” da fluência

As preocupações com a segurança do vibe-coding, muitas vezes levantadas após incidentes como o do aplicativo Tea, podem ser exageradas. A IA também pode ajudar a escrever códigos mais seguros e gerar mais testes. O autor argumenta que a IA pode até lembrar o programador de aspectos de segurança que ele esqueceu.

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Apesar dos benefícios, há um “sentimento de perda”. Han sente menos motivação para aprender novas linguagens. A IA diminui o “prazer” de dominar o código, a camaradagem de compartilhar “histórias de guerra” e a beleza estética da programação artesanal, como a de Brian W. Kernighan, uma lenda do Unix. A era do “vibe-coding” pode ser o fim dos “miniaturistas” e o auge dos “planejadores urbanos” no mundo do software.

IAs estão transformando o mundo da programação. (Imagem: Shutterstock/ Savytskyi Igor/

O debate: snobismo versus complexidade do mundo real

Sheon Han tem sentimentos mistos sobre o vibe-coding. O escritor celebra como a IA pode “minar um certo snobismo” no Silicon Valley, que diferencia técnicos de não-técnicos. No entanto, o engenheiro sabe que construir um aplicativo complexo e de nível profissional ainda exige anos de experiência.

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