Teste da orelhinha e do pezinho: quais são essenciais para o recém-nascido?

Realizado ainda na maternidade, o teste da orelhinha identifica precocemente alterações auditivas que podem comprometer o desenvolvimento da criança. De acordo com a Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço, uma em cada mil crianças já nasce com perda auditiva permanente significativa.

A otorrinolaringologista pediátrica Juliana Caixeta explica que o exame é rápido, indolor e sem contraindicações. “Ele mostra se a audição do bebê está se desenvolvendo normalmente. Caso haja alterações, o recém-nascido passa por exames complementares para confirmar o diagnóstico. Quando a perda auditiva é comprovada, a criança inicia um programa de intervenção precoce, que pode incluir aparelhos auditivos, fonoaudiologia e até implante coclear”, detalha a médica.

Importância do teste da orelhinha

Desde o nascimento, o bebê consegue reconhecer a voz da mãe. Aos cinco meses, já identifica quando é chamado pelo nome, e, por volta dos dez meses, presta atenção à música, compreende ordens simples e relaciona objetos a palavras. Entre nove meses e um ano e quatro meses, as primeiras palavras surgem naturalmente.

Entretanto, quando o desenvolvimento auditivo não ocorre como esperado, surgem dificuldades na fala, no aprendizado e até na convivência social. Por isso, o teste da orelhinha é tão importante: mesmo perdas auditivas leves podem passar despercebidas e impactar o rendimento escolar ou o comportamento da criança.

O desenvolvimento da audição tem início por volta da 20ª semana de gestação. Nesse período, o bebê já escuta os batimentos cardíacos da mãe, sua voz e alguns sons externos. “No começo, ele só percebe sons graves e, com o tempo, a capacidade de ouvir se amplia. Essa percepção intrauterina ajuda a criar vínculo entre o bebê e a família”, explica Juliana Caixeta.

Ela orienta que os pais conversem, cantem e coloquem músicas para o bebê ouvir durante a gravidez. Esses estímulos fortalecem o laço afetivo e tornam a adaptação pós-natal mais natural.

Nos primeiros meses de vida, o bebê distingue diferentes sons e ritmos da fala. Até os seis meses, consegue identificar fonemas de diversas línguas. Depois, essa habilidade diminui, e, a partir dos dois anos, um novo idioma já é aprendido como segunda língua. Isso mostra a importância da exposição precoce a diferentes sons e palavras.

E como funciona o teste do pezinho?

Entre os exames para recém-nascido, o teste do pezinho é um dos mais conhecidos. Realizado entre o 3º e o 5º dia de vida, ele é gratuito, obrigatório e oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio de algumas gotas de sangue coletadas do calcanhar do bebê, os especialistas identificam doenças metabólicas, genéticas e infecciosas que, sem diagnóstico precoce, poderiam causar sérios danos.

A médica pediatra Andréa Kasmim Barcellos ressalta que muitas dessas doenças não apresentam sintomas imediatos. “Quando não tratadas rapidamente, podem levar a sequelas neurológicas, metabólicas e até à morte. Por isso, o teste do pezinho é uma das principais estratégias de prevenção em saúde pública”, afirma.

Doenças rastreadas e avanços do exame

Na versão básica, o exame detecta condições como hipotireoidismo congênito, fibrose cística, fenilcetonúria, anemia falciforme, deficiência de biotinidase, hiperplasia adrenal congênita e toxoplasmose congênita.

Com a Lei nº 14.154, sancionada em 2021, o Brasil começou a ampliar progressivamente o painel do teste do pezinho, chegando a rastrear até 50 doenças. Em estados como Minas Gerais, a rede pública já oferece versões ainda mais completas, que investigam cerca de 60 enfermidades raras.

O que acontece depois da coleta?

Após o procedimento, a equipe de saúde entra em contato caso alguma alteração seja identificada. Nesses casos, o bebê passa por nova coleta ou exames complementares. Nem sempre o resultado inicial significa a presença de uma doença, mas o acompanhamento imediato é essencial.

Quando confirmada, a condição recebe tratamento com equipe multidisciplinar. Em muitos casos, mudanças simples na dieta, suplementação de vitaminas ou uso contínuo de medicamentos garantem qualidade de vida e desenvolvimento saudável para o bebê.

Resumo: O teste da orelhinha e o teste do pezinho são exames fundamentais para identificar precocemente problemas de saúde no bebê. Simples, rápidos e oferecidos na rede pública, eles permitem diagnóstico precoce e tratamento adequado, aumentando as chances de um desenvolvimento saudável.

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