Do tamanho de uma unha, chip 6G promete internet 10 mil vezes mais rápida que 5G

Cientistas na China e em Hong Kong desenvolveram um chip experimental que pode mudar o futuro da internet móvel. Do tamanho de uma unha (1,7 x 11 mm), ele transmite dados em velocidades acima de 100 gigabits por segundo. Isso é dez mil vezes mais rápido do que conexões 5G atuais, segundo estimativas da imprensa internacional. 

O avanço foi publicado recentemente na revista Nature e já é apontado como um dos passos mais promissores rumo ao 6G, a próxima geração das redes sem fio.

A novidade está no fato de o chip conseguir operar em todo o espectro de frequências sem fio – de 0,5 a 115 gigahertz. Na prática, isso significa que aparelhos equipados com essa tecnologia poderiam alternar automaticamente entre faixas de frequência para garantir conexão estável, seja em grandes centros urbanos, estádios lotados ou áreas rurais.

Um chip para todas as frequências

O novo sistema combina luz e eletricidade para resolver um dos maiores desafios do 6G: como aproveitar diferentes faixas de frequência sem precisar de múltiplos hardwares. 

Chip 6G combina luz e eletricidade para aproveitar diferentes faixas de frequência sem precisar de múltiplos hardwares (Imagem: Pedro Spadoni via ChatGPT/Olhar Digital)

Ao integrar tudo num único chip, os cientistas demonstraram que é possível alcançar velocidades recordes, reduzir interferências e tornar as redes muito mais adaptáveis a cenários variados, do streaming em alta definição à comunicação em áreas de difícil acesso.

Como o chip 6G funciona

O segredo do novo chip está numa abordagem chamada fotónica-eletrónica. Em vez de depender apenas de circuitos eletrônicos tradicionais, ele usa também a luz para gerar sinais de rádio em diferentes frequências. Essa combinação permite criar um sistema mais estável e com menos ruído, capaz de operar de forma contínua entre 0,5 e 115 GHz.

Na prática, o chip funciona como uma “ponte” entre sinais elétricos e ópticos. Ele converte as ondas de rádio em sinais de luz, processa esses sinais com moduladores ultrarrápidos e depois os converte de novo em dados sem fio.

“Esta tecnologia é como construir uma superestrada larga”, disse professor em relação ao novo chip experimental (Imagem: Pedro Spadoni via ChatGPT/Olhar Digital)

“Esta tecnologia é como construir uma superestrada larga, onde os sinais eletrônicos são veículos e as bandas de frequência são pistas”, explicou o professor Wang Xingjun, da Peking University, à agência estatal chinesa Xinhua.

“Antes, os sinais ficavam espremidos em uma ou duas faixas; agora, podem mudar de pista sempre que houver congestionamento, garantindo comunicação mais rápida e estável”, acrescentou o professor.

Esse processo garante velocidades muito superiores e maior flexibilidade. Com isso, a tecnologia consegue se adaptar em tempo real, escolhendo automaticamente a frequência mais adequada para evitar congestionamentos e interferências.

O que muda em relação ao 5G

As redes 5G atuais trabalham principalmente em faixas de frequência abaixo de 6 GHz, com algumas aplicações em ondas milimétricas. Elas oferecem mais velocidade, mas têm alcance limitado. O novo chip, por outro lado, cobre todo o espectro sem fio num único sistema – algo inédito até agora.

Redes 5G atuais trabalham em faixas de frequência abaixo de 6 GHz, enquanto o novo chip 6G cobre todo o espectro sem fio num único sistema (Imagem: FrankHH/Shutterstock)

Isso significa que, em vez de depender de diferentes antenas e componentes para cada faixa de frequência, um único dispositivo poderia acessar desde os sinais de longo alcance usados em áreas rurais até as bandas ultrarrápidas necessárias em grandes cidades ou aplicações críticas, como cirurgia remota. 

O resultado é uma conexão mais rápida, estável e adaptável, mesmo em cenários de alto tráfego, como estádios, shows e centros urbanos lotados.

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Próximos passos

Apesar do avanço, a tecnologia ainda está em fase experimental. O chip foi testado em laboratório, mas para chegar aos consumidores será preciso desenvolver toda a infraestrutura do 6G, prevista apenas para a próxima década

Chip foi testado em laboratório, mas para chegar aos consumidores será preciso desenvolver a infraestrutura do 6G primeiro (Imagem: Rob Nazh/Shutterstock)

Além disso, os cientistas trabalham em aumentar o nível de integração do sistema. A ideia é torná-lo menor e mais eficiente, além de fazê-lo consumir menos energia.

O grupo também planeja incorporar algoritmos de inteligência artificial (IA) para que as redes sejam capazes de se autogerenciar. Isso abriria caminho para sistemas que ajustam automaticamente a frequência ideal, evitam interferências e até combinam comunicação com funções de sensoriamento ambiental em tempo real

Se der certo, o chip pode se tornar a base de uma internet móvel muito mais rápida, confiável e inteligente do que conhecemos hoje.

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