Em filmes e séries de ficção científica, é comum ver plantas carnívoras gigantes capazes de devorar humanos ou grandes animais. No entanto, para a nossa sorte, essas retratações só são possíveis nas telas. No mundo real, os vegetais têm pequeno porte e não ameaçam grande parte dos seres vivos.
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Segundo o técnico agrícola Mauro Alves, as plantas carnívoras nunca foram gigantes a ponto de atacar humanos. “Espécies vegetais gigantes existem nos filmes somente para explorar o imaginário”, explica o profissional que atua em Goiás.
Os vegetais se desenvolvem em solos ácidos e com poucos nutrientes, como brejos e pântanos. Em ambientes assim, plantas gigantes teriam dificuldade de sobreviver, pois precisariam de mais matéria orgânica para crescer.
Além disso, desenvolver armadilhas para presas muito grandes exigiria muito tempo e energia, sem fornecer nenhum nutriente a mais do a rotina alimentar atual das plantas carnívoras.
“Mesmo com a digestão de insetos, elas não obtêm energia suficiente para manter estruturas grandes e complexas, por isso não ficam gigantes e ameaçadoras. A digestão de presas fornece nutrientes (como nitrogênio e fósforo), e não energia, obtida somente por meio da fotossíntese”, explica a professora de ciências biológicas Morgana Bruno, da Universidade Católica de Brasília (UCB).
Espécies como a Drosera magnifica, que pode atingir até 1,5 metro de comprimento, e a Nepenthes rajah, que chegam a 41 centímetros, até tem tamanhos consideráveis, mas são incapazes de nos ameaçar. Sua força e mecanismos não conseguem prender indivíduos grandes, como humanos.
O que aconteceria se elas existissem?
Atualmente, mesmo sendo carnívoras, as plantas são classificadas como produtoras na cadeia alimentar, ou seja, produzem seu próprio alimento via fotossíntese e são consideradas base da cadeia alimentar. Caso tomassem outra posição, causariam um grande desequilíbrio, provocando uma reorganização imprevisível e fazendo com que predadores naturais perdessem suas presas.
Aves, répteis e mamíferos teriam que se readaptar para escapar ou se defender de ataques. “Os animais precisariam desenvolver novas estratégias de fuga, camuflagem ou resistência a essas plantas gigantes, gerando uma pressão evolutiva artificial e acelerada”, exemplifica Morgana.
Também não seria seguro para humanos estar presente em ambientes típicos das plantas carnívoras. A agricultura seria afetada, podendo prejudicar a produção de alimentos essenciais. Tudo isso poderia causar a redução ou extinção de espécies despreparadas.
Como funciona o mecanismo das plantas do mundo real
Apesar de inofensivas para indivíduos de grande porte, as plantas carnívoras apresentam mecanismos de captura sofisticados. Alguns vegetais se destacam na natureza pela habilidade de ludibriar suas presas. Entre os principais, estão:
Vênus-papa-moscas (Dionaea muscipula)
É um exemplar capaz de fechar suas folhas em um curto período após estímulos nos pelos sensoriais. Elas atraem moscas liberando um aroma parecido com o de alimentos.
Plantas carnívora do gênero Drosera
Elas utilizam um líquido pegajoso, prendendo o inseto e enrolando lentamente a presa com sua folha. Os insetos são atraídos a partir de gotas brilhantes parecidas com orvalho.
Nepenthes e Sarracenia
As plantas transformam suas folhas em jarros cheios de líquido digestivo. Por lá, os insetos escorregam e são digeridos através de enzimas digestivas. Odores e néctar são usados para atrair as presas.
As Nepenthes rajah atraem suas presas para a bolsa
Utricularia
A espécie vive na água e utiliza armadilhas por sucção. Assim que a presa toca os pelos sensíveis da planta, uma “bolsa” se abre, sugando organismos em milésimos de segundo.
Pinguicula
A planta produz secreções pegajosas nas folhas, que grudam os insetos. Eles são digeridos pelo vegetal, fornecendo nutrientes essenciais para sua sobrevivência.
Inspiração para a ciência
Através dos mecanismos de ataque, as plantas carnívoras servem como inspiração para pesquisadores em diferentes áreas, como robótica e nanotecnologia. Muitos buscar investigar o funcionamento dos sistemas de ataque para desenvolver novas aplicações mais avançadas.
“Algumas plantas carnívoras produzem substâncias com efeitos antimicrobianos, antioxidantes ou anti-inflamatórios que estão sendo estudadas para uso em medicamentos e cosméticos”, revela a docente da UCB.
Além disso, elas também funcionam como bons marcadores de sinais de degradação, poluição ou mudanças climáticas nos ambientes em que vivem. As espécies definitivamente não representam perigo para humanos e devem ser preservadas.
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