IA pode ameaçar nossa capacidade de escrita, alerta autor

Um dos recursos oferecidos pela inteligência artificial é a geração de textos. Estas ferramentas permitem economizar tempo na hora de escrever, além de ajudarem na construção e até no desenvolvimento das ideias.

Por outro lado, a popularização da IA pode ameaçar a nossa capacidade de escrita. A avaliação é do escritor, jornalista e romancista Sérgio Rodrigues, que defende a necessidade de atenção e estímulo à prática.

IA é uma facilitadora, mas também pode se tornar uma ameaça (Imagem: Yuichiro Chino/Shutterstock)

Ameaça de retrocesso civilizatório e intelectual

Rodrigues vai lançar seu novo livro, Escrever é humano: como dar vida à sua escrita em tempo de robôs, na próxima quinta-feira (18).

Na obra, ele defende que os robôs não conseguem se igualar às características humanas.

Em entrevista à Agência Brasil, o autor ainda afirmou que a inteligência artificial pode causar diversos prejuízos.

O principal temor dele é que a tecnologia cause “um retrocesso civilizatório e intelectual”.

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Não podemos terceirizar a escrita

Sérgio Rodrigues conta que a ideia do livro é ajudar as pessoas que estão começando a escrever profissionalmente, principalmente na escrita da ficção. O projeto não é novo, mas a popularização da inteligência artificial acelerou os planos do escritor.

Segundo ele, a obra trata sobre o que é escrever com ambição artística de fazer da linguagem o próprio espetáculo. Na obra, o autor explica que este é um ato exclusivamente humano, assim como a arte é exclusivamente humana.

Autor defende que pessoas não devem parar de escrever (Imagem: edith naaman/Unsplash)

Eu entendo que escrever com criatividade é tudo o que o robô não sabe fazer. O que o robô sabe fazer é uma imitação incrível, impressionante, da linguagem humana, mas sem nenhuma das dimensões que estão por trás da escrita criativa verdadeira. A imitação da IA fica cada vez melhor. Daqui a pouco vai ser muito difícil distinguir. O fato é que não consigo conceber arte sem uma subjetividade por trás. Escrita tem que ter uma subjetividade de quem escreveu. Todo o resto é uma aparência, uma falsidade, mas que não é a essência do negócio. 

Sérgio Rodrigues, em entrevista à Agência Brasil

O escritor ainda destaca que algumas áreas profissionais estão muito ameaçadas em função da popularização da IA. Mas observa que nenhum impacto será maior do que a possibilidade de desaprendermos a escrever.

Apesar dos avanços, IA não é capaz de ser criativa (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Um exemplo é que, antes, sabíamos os números de telefone. Hoje não sabemos mais. A gente terceirizou para o celular. Quando as pessoas terceirizarem para a IA a escrita mínima do dia a dia, vai esquecer como se escreve. Escrever é uma tecnologia de pensamento. Mais do que pelo mercado de trabalho, eu temo um retrocesso civilizatório e intelectual. 

Sérgio Rodrigues, em entrevista à Agência Brasil

Por fim, o autor lembra que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta importante, mas não pode ser a mestre ou dona da pessoa. Para ele, é fundamental que haja a regulamentação da tecnologia, apesar de todos os desafios envolvidos nisso.

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