Múmias humanas mais antigas não foram embalsamadas. Entenda

Múmias humanas de até 12 mil anos foram encontradas no sul da China e Sudeste Asiático. O achado, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), mostra que povos antigos desenvolveram uma técnica de mumificação inédita para a época: a defumação lenta dos corpos antes do enterro.

A descoberta desafia a visão de que a prática de mumificação começou no Egito ou com os povos da América do Sul. Os cientistas analisaram os ossos de dezenas de indivíduos encontrados em cavernas e sítios arqueológicos. Com o uso de exames avançados, como difração de raios X e espectroscopia, eles notaram sinais de exposição prolongada ao calor moderado e à fumaça.

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As novas evidências empurram essa linha do tempo para muito mais longe e em uma região tropical, onde as condições de umidade dificilmente preservam restos humanos por tanto tempo. Segundo os autores do estudo, a técnica consistia em colocar os corpos sobre fogueiras que soltavam fumaça constante, capaz de secar os tecidos e desacelerar a decomposição.

Estudo mostra que povos antigos do sudeste da Ásia dominavam técnicas funerárias muito antes dos egípcios

Muitos dos corpos estavam em posição encolhida, alguns ainda com marcas de fuligem. Essas características indicam que não se tratava apenas de preservação natural, mas de um processo intencional. Até agora, os registros mais antigos de mumificação conhecida eram os dos povos Chinchorro, no Chile e Peru, há cerca de 7 mil anos.

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Restos humanos encontrados em sítios arqueológicos da Ásia revelam sinais de mumificação por defumação há cerca de 12 mil anos

Hung et al., PNAS , 20252 de 2

Segundo o estudo, nem todos os corpos apresentaram marcas claras de fumaça, evidência sobre variações no ritual de mumificação

Hung et al., PNAS , 2025

Para os arqueólogos, isso sugere que já havia naquela época um cuidado simbólico com os mortos, possivelmente ligado a rituais de ancestralidade. Os pesquisadores, no entanto, ressaltam que nem todos os enterramentos apresentaram sinais claros de exposição à fumaça ou ao calor.

Em alguns casos, as marcas são menos evidentes, o que pode indicar variações nas práticas ou diferentes condições de preservação por região. A descoberta amplia o entendimento sobre as origens da mumificação, mostrando que a prática não surgiu em um único lugar, mas em diferentes culturas e períodos, revelando um elo profundo entre sociedades pré-históricas e seus mortos.

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