Há milhares de anos, humanos já improvisavam ‘joias’. Veja!

Atualmente, pegar conchas no chão é uma atividade corriqueira de quando estamos na praia, na beira de um lago ou rio. Muitas pessoas gostam de colecionar, levar para casa ou apenas pegar, olhar e devolver. Mas o fato é: essa atividade tem uma conexão com nosso passado maior do que você pode imaginar.

Pesquisadores conseguiram recriar colares pré-históricos, datados do Paleolítico Superior, encontrados em cavernas do sul da Espanha. As “joias” foram feitas com conchas de moluscos marinhos fossilizados, em especial de duas espécies de escafópodes, segundo informações do iflscience.

Os colares eram feitos com conchas de moluscos e podiam ser utilizados como adereços, moedas de troca ou até mesmo em rituais (Imagem: Matthew R McClure/Shutterstock)

Restos de conchas e até ossos pré-históricos circulavam em redes de troca que se estendiam por grandes distâncias. Ainda assim, o significado simbólico ou utilitário desses itens é difícil de determinar, mesmo diante da quantidade encontrada em sítios paleolíticos e neolíticos.

Estudo revela detalhes sobre as joias feitas de conchas

Um novo estudo analisou em detalhe os fósseis de escafópodes de dois locais: El Tesoro e Cueva del Hoyo de la Mina. No primeiro, foram contabilizados 26 fragmentos, enquanto o segundo revelou outros 11. Juntos, eles representam 14,4% de todos os escafópodes fósseis conhecidos em registros humanos pré-históricos na Península Ibérica.

Segundo os cientistas, as conchas datam do Plioceno Inferior, entre 5,3 e 3,6 milhões de anos atrás, e provavelmente foram coletadas na costa de Málaga. Apesar da diversidade local, os antigos habitantes se concentraram apenas em duas espécies: Paradentalium inaequale e Paradentalium sexangulum.

As conchas eram coletadas em beiradas de rios, lagos ou praias e já estavam fossilizadas há bastante tempo (Imagem: Jekatarinka/Shutterstock)

No caso de Hoyo de la Mina, alguns fragmentos remontam ao período Magdaleniano, já em El Tesoro, os achados pertencem ao Neolítico. Em outros sítios arqueológicos espanhóis, como Reclau Viver, os mesmos tipos de conchas aparecem em contextos ainda mais antigos, do período Solutreano.

Utilização e idade

Ainda não sabemos o porquê elas eram utilizadas, mas marcas de ocre vermelho em alguns fragmentos sugerem um possível papel ritualístico. Além disso, todos os exemplares de El Tesoro e Hoyo de la Mina apresentam sinais de polimento e modificações, indicando que eram trabalhados para uso como adereços.

Arqueólogos encontraram as conchas em El Tesoro e Cueva del Hoyo de la Mina Imagem: (Lozano-Francisco et al., Quaternary, 2025 (CC BY 4.0))

Em El Tesoro, por exemplo, fragmentos foram encaixados uns nos outros para formar um fecho de colar, reforçando a ideia de que funcionavam como joias. As evidências apontam que humanos pré-históricos produziam adornos com fósseis há mais de 20 mil anos, embora ainda seja difícil definir o início exato dessa prática.

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O registro mais antigo de coleta de fósseis por nossa espécie vem da África do Sul: um trilobita encontrado em um sítio de 65 mil anos. Já na Europa, há indícios de que os próprios neandertais possam ter sido pioneiros, como mostra o achado de conchas fósseis na Caverna Prado Vargas. Alguns pesquisadores sugerem até que esse acervo possa ter sido reunido por crianças neandertais, simplesmente por diversão.

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