Nos últimos meses, vídeos nas redes sociais têm espalhado desinformação ao associar, de maneira exagerada, o tamanho do pênis infantil ao diagnóstico de micropênis. O resultado é pânico desnecessário entre pais e dúvidas sobre o desenvolvimento sexual masculino.
Vale lembrar que a condição é rara e que apenas médicos capacitados podem fazer o diagnóstico, com base em parâmetros científicos bem estabelecidos.
Segundo o urologista pediátrico Ubirajara Barroso, a incidência estimada do micropênis é de apenas 0,6% da população masculina. “O diagnóstico preciso deve ser feito por um profissional com expertise para distinguir situações comuns dos casos reais de micropênis”, explica o médico, chefe da divisão de cirurgia urológica reconstrutora e urologia pediátrica da Universidade Federal da Bahia.
Diferenças importantes
Uma das maiores confusões acontece em meninos acima do peso. O que muitas vezes parece ser um pênis pequeno, na verdade, pode ser o chamado “pênis embutido”, quando a gordura ao redor da região dá a falsa impressão de tamanho reduzido.
Outro ponto essencial é a fase de crescimento. “O pênis só começa a crescer na puberdade, então uma criança com 10 ou 12 anos que ainda não entrou nessa fase terá o pênis do mesmo tamanho de quando era pequeno”, afirma Barroso. O especialista explica ainda que o micropênis é caracterizado por um comprimento menor que 4 cm quando flácido, sempre aferido em condições específicas. “É muito difícil medir o pênis em casa, tem uma pegada certa e é incômodo para a criança, por isso, somente um profissional habituado com esse tipo de condição pode dar esse diagnóstico.”
Desinformação nas redes desespera pais. Foto: FreePik
Causas e tratamento
O micropênis geralmente é uma condição congênita, ou seja, presente desde o nascimento. “Aquela pessoa que tem micropênis geralmente já nasce com essa condição, raramente ela é adquirida ao longo da vida”, complementa o especialista.
As causas podem estar relacionadas à deficiência de hormônios durante a gestação, a síndromes genéticas ou a alterações específicas no desenvolvimento. O tratamento pode incluir reposição hormonal precoce ou, em situações mais resistentes, procedimentos cirúrgicos de reconstrução.
O alerta sobre uso inadequado de testosterona
Um dos maiores riscos apontados por especialistas é o uso indiscriminado de testosterona em crianças, prática já condenada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). “A administração de hormônios sem critério pode trazer riscos graves à saúde e precisa ser combatida com informação responsável”, reforça Barroso.
Mais do que estética, a testosterona desempenha papel vital no desenvolvimento saudável do organismo masculino, influenciando ossos, libido e puberdade. Alterar esse equilíbrio de forma precoce pode comprometer a saúde de forma duradoura.
Resumo:
O micropênis é uma condição rara e deve ser diagnosticado apenas por especialistas, com base em critérios médicos. De acordo com o urologista Ubirajara Barroso, desinformação nas redes sociais pode levar a diagnósticos equivocados e até ao uso inadequado de testosterona em crianças. O acompanhamento profissional é a única forma segura de avaliar e tratar casos reais.
Leia também: