O Banco Central Europeu (BCE) espera lançar o euro digital em 2029, segundo o membro do Conselho Executivo do órgão, Piero Cipollone. Segundo ele, o Parlamento Europeu, o Conselho Europeu e a Comissão Europeia vão tomar uma decisão até maio do ano que vem. A partir daí, o BCE precisará de pelo menos três anos para lançar a moeda. Cipollone falou sobre o assunto nesta terça-feira (23) em um evento organizado pela Bloomberg.

Em linhas gerais, seria uma moeda digital emitida por bancos centrais, um equivalente eletrônico ao dinheiro. E complementaria notas e moedas, dando às pessoas uma escolha adicional sobre como pagar, seja para transferência entre pessoas, compras em lojas físicas ou online. 

Atualmente, não existe uma opção europeia de pagamento digital que cubra toda a zona do euro, com 13 dos 20 países dependentes de sistemas internacionais de pagamento com cartão. O euro digital seria um meio de pagamento eletrônico europeu acessível e aceito em todos os países da zona do euro.

“Num mundo cada vez mais digital, exposto a novos riscos geopolíticos e operacionais, devemos proteger a disponibilidade do euro para todos os europeus. O Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia recorda-nos a nossa responsabilidade partilhada de salvaguardar a integridade da nossa moeda”, disse Cipollone na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu no início deste mês.

Como funcionaria?

O euro digital seria armazenado em uma carteira eletrônica configurada com o banco ou com um intermediário público. Isso permitiria que todos os pagamentos eletrônicos habituais – na loja local, online, para um amigo – fossem feitos com celular ou cartão, online e offline. É um processo quase idêntico ao que ocorre com o Pix, no Brasil.

Ao receber dinheiro em euros digitais, o usuário poderá mantê-lo na carteira digital de euros, até um determinado limite, ou o depositá-lo na conta bancária. Será possível fazer isso manualmente ou configurá-lo automaticamente. Os limites buscam evitar saídas excessivas de depósitos bancários, preservando a estabilidade financeira, diz o BCE.

Aos comerciantes, o euro digital pode oferecer uma alternativa mais fácil e barata ao cenário de pagamentos atualmente fragmentado em que os comerciantes trabalham. A nova moeda colocaria os comerciantes em uma posição mais forte para negociar condições com provedores de soluções de pagamento e, assim, reduzir seus próprios custos, segundo o projeto.

Além disso, a moeda promoveria a inclusão financeira digital, atendendo as necessidades de pessoas com deficiência e daquelas sem acesso a uma conta bancária ou sem habilidades digitais ou financeiras. O BCE garante ainda que os detalhes pessoais das transações seriam de conhecimento apenas do pagador e do beneficiário.

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E o tal do DREX?

O Brasil também tem um plano para criar uma moeda digital: o DREX, que ainda está em fase de testes e não tem data prevista para lançamento pelo Banco Central. A moeda terá o mesmo valor do real tradicional e vai permitir que vários tipos de transações financeiras seguras com ativos digitais e contratos inteligentes.

Por exemplo, se você for comprar um carro, pode ficar com receio de pagar e o vendedor não passar a propriedade do veículo. Com o Drex, não importa quem vai fazer o primeiro movimento, pois o contrato só será concluído quando ambos acontecerem. Assim, o dinheiro e a propriedade do carro serão transferidos de forma simultânea. Se uma das partes falhar, o valor pago e o carro voltam para seus respectivos donos.

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