Gravidade quântica pode descartar teoria de Einstein

Uma nova teoria proposta por dois físicos finlandeses, publicada este mês na revista Reports on Progress in Physics, está desafiando ideias centrais de Albert Einstein. O estudo oferece uma maneira inovadora de unir dois pilares da física: a relatividade geral, que explica a gravidade, e a física quântica, que descreve o comportamento das partículas subatômicas. 

Em poucas palavras:

Físicos propõem nova teoria unindo relatividade geral e física quântica, desconsiderando Einstein;

Três forças da natureza são descritas pela física quântica, mas a gravidade escapa dessa explicação tradicional;

Einstein vê a gravidade como curvatura do espaço-tempo, mas sua teoria falha ao tentar aplicar no mundo quântico;

Nova abordagem usa quatro campos interligados, como elétrico e magnético, para descrever gravidade sem dimensões extras;

Modelo simples permite testes futuros e pode revolucionar a compreensão do Universo e da gravidade quântica.

As três forças conhecidas da natureza – eletromagnética, nuclear fraca e nuclear forte – já são bem descritas pela física quântica. Elas funcionam por meio de campos e partículas, e suas leis incorporam incertezas e efeitos como a dualidade entre partícula e onda. A gravidade, no entanto, continua fora desse padrão. 

Einstein explicou a gravidade como a curvatura do espaço-tempo causada por massa e energia, que guia o movimento de objetos e da luz nesse tecido deformado. Crédito: Reprodução Redes Sociais

A teoria de Einstein, formulada há mais de 100 anos, trata a gravidade como uma deformação no espaço-tempo causada pela presença de massa e energia. O problema surge quando se tenta aplicar a teoria da relatividade ao mundo quântico. As contas não fecham. Surgem inconsistências, como probabilidades infinitas ou negativas, o que torna a teoria incompatível com a realidade observada.

Estudo propõe que a gravidade funcione por meio de quatro campos interligados

A nova proposta dos físicos Mikko Partanen e Jukka Tulkki, da Universidade de Aalto, na Finlândia, tenta resolver esse impasse de uma forma mais simples e direta.

Em vez de imaginar o espaço-tempo se curvando, a dupla propõe que a gravidade funcione por meio de quatro campos interligados, semelhantes ao campo elétrico ou magnético. Esses campos responderiam à presença de massa, assim como os campos elétricos reagem à carga. Além disso, interagiriam entre si e com os outros campos do chamado Modelo Padrão da física de partículas.

O resultado é uma estrutura que, segundo os autores, consegue descrever a gravidade com as mesmas ferramentas usadas para as outras forças. Isso evita as complicações matemáticas enfrentadas por teorias anteriores e dispensa elementos especulativos como dimensões extras ou partículas não detectadas. “Nossa teoria não precisa de parâmetros desconhecidos, apenas das constantes físicas já estabelecidas”, afirmou Tulkki ao site Space.com.

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Simplicidade facilita aplicação da hipótese

Essa simplicidade torna a teoria mais fácil de ser testada. Embora ainda não seja possível verificar diretamente os efeitos da gravidade quântica (pois são extremamente sutis), o modelo está pronto para ser confrontado com dados de futuros experimentos. Segundo Partanen, mesmo evidências indiretas, obtidas com novas observações, poderão ajudar a validar ou refutar a proposta.

Apesar do potencial, os autores dizem que a teoria ainda está em desenvolvimento. Ela ainda não foi aplicada a situações extremas, como o interior dos buracos negros ou os primeiros instantes do Universo, logo após o Big Bang. No entanto, eles acreditam que a estrutura é promissora e poderá, no futuro, enfrentar esses desafios.

A proposta representa um novo caminho para entender a gravidade no nível quântico. Se confirmada, poderá reescrever parte do que se entende sobre o Universo e aproximar duas áreas da física que há décadas pareciam incompatíveis.

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