O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição tem como meta definida levar a inflação para 3%, conforme determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN). O índice oficial de preços ao consumidor (IPCA) está em 5,13% no acumulado de 12 meses até agosto, segundo o IBGE.
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Em painel no evento Macro Vision 2025, promovido pelo banco Itaú nesta segunda-feira, 29, ele destacou que “o comando legal que o Banco Central recebe, não é uma sugestão, um comando legal, é para botar a inflação em 3″, afirmou. “Não é para botar a inflação na média dos outros países emergentes, não é para botar na mediana dos últimos X anos, é para botar a inflação em 3.”
Ele explicou que, mesmo diante de críticas sobre o nível elevado da taxa de juros em comparação internacional, a função do BC é calibrar a política monetária de acordo com a meta estabelecida. Atualmente, a autoridade mantém a taxa básica de juros em patamar considerado restritivo para buscar a convergência da inflação.
Galípolo detalhe expectativas com juros
Durante a apresentação, Galípolo abordou a preocupação com a “desancoragem das expectativas”, quando agentes do mercado projetam inflação acima da meta por um período prolongado. Ele afirmou que as projeções coletadas em pesquisas como a Focus e a Firmus mostram que poucos analistas acreditam que a meta será atingida até 2026.
O presidente ressaltou que, nesse cenário, a manutenção dos juros elevados é necessária. Ele comparou a condução da política monetária a um tratamento médico: “você vai dosar o remédio em função do indicador que você está olhando”, avaliou. “O indicador que a gente está olhando é a meta, a meta é 3%.”
Galípolo também defendeu a postura de cautela do BC, ao acumular informações antes de realizar novos movimentos. “Vamos ter que ter um período de trincar os dentes ali e ele vai ser um desafio maior”, afirmou, ao mencionar que a fase atual exige paciência para manter a taxa de juros em nível restritivo até que a inflação mostre sinais consistentes de convergência.
O presidente do BC destacou que a inflação de serviços continua em patamar elevado e incompatível com a meta. Esse segmento, mais ligado à dinâmica interna da economia, pressiona a necessidade de manutenção de juros altos.
Ao comentar o mercado de trabalho, Galípolo disse que os indicadores mostram um cenário de resiliência, com níveis de emprego robustos mesmo diante de juros altos. Para ele, esse fenômeno mostra que, no caso brasileiro, o canal de transmissão da política monetária exige doses mais longas e intensas para ter efeito.
Câmbio e reservas internacionais
Sobre a política cambial, Galípolo afirmou que não há planos de recomposição de reservas internacionais com base em movimentos do dólar. Segundo ele, “o Banco Central não opera sobre essa lógica” e atua apenas para garantir a funcionalidade do mercado. O dirigente ressaltou que o regime de câmbio flutuante funciona como “a barreira de proteção mais importante que a economia brasileira tem” contra crises externas.
As reservas internacionais, explicou, aumentaram nos últimos meses em razão da valorização dos ativos que as compõem. Ele reiterou que o país possui recursos suficientes para lidar com eventuais episódios de instabilidade.
O presidente do BC também comentou o déficit em conta corrente, indicador que mede a diferença entre entradas e saídas de recursos do país em transações como comércio e serviços. Para Galípolo, o dado reflete uma economia ainda aquecida, mesmo com juros elevados. Ele acrescentou que o crescimento recente tem se apoiado em fatores conjunturais, como o agronegócio e o aumento da participação da força de trabalho, mas sem avanços expressivos de produtividade.
Segundo ele, a falta de ganhos de produtividade limita a possibilidade de crescimento sustentável com juros mais baixos. “Às vezes as coisas que permitem o crescimento no longo prazo estão fora do alcance da autoridade monetária”, afirmou.
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