AMD entra no jogo da OpenAI – e Wall Street se empolga

A OpenAI fechou um acordo para usar chips da AMD e, se cumprir metas de implantação, pode adquirir até 10% da fabricante. A instalação começa na segunda metade de 2026, com GPUs Instinct equipando novos data centers planejados pela desenvolvedora do ChatGPT.

O movimento complementa a parceria de US$ 100 bilhões com a Nvidia e amplia o plano de expansão da infraestrutura da OpenAI: são 6 gigawatts em chips AMD ao longo de vários anos, além de 10 gigawatts atrelados ao acordo com a Nvidia.

Na prática, é uma forma de reduzir a dependência de um único fornecedor e acelerar a oferta de computação. Após o anúncio, as ações da AMD saltaram mais de 30% no pré-mercado. 

Por volta das nove da manhã desta segunda-feira (06) em Nova York, a ação estava em US$ 225,69, segundo painel da CNBC – alta de 37,06% em relação ao fechamento anterior.

AMD entra no jogo da OpenAI

A entrada da AMD no radar da OpenAI muda o tabuleiro da corrida pelos chips que sustentam a inteligência artificial (IA). 

Entrada da AMD no radar da OpenAI muda a corrida da IA (Imagem: Tigarto/Shutterstock)

O novo acordo coloca a fabricante como fornecedora estratégica de placas gráficas para os data centers da empresa de Sam Altman, o que amplia a lista de parceiros que ajudam a dar conta da demanda explosiva por computação.

Diferente do acordo com a Nvidia, que veio acompanhado de um investimento bilionário, o arranjo com a AMD envolve a possibilidade de a OpenAI se tornar acionista relevante da companhia. 

Assim, além de diversificar fornecedores, a startup passa a ter interesse direto no sucesso da fabricante — um passo que reforça sua estratégia de garantir mais controle sobre a infraestrutura que alimenta o ChatGPT e outros modelos.

Como funciona o acordo com a AMD

Pelos termos anunciados, a OpenAI vai implantar GPUs Instinct da AMD em seus novos data centers ao longo dos próximos anos. 

A primeira etapa, prevista para a segunda metade de 2026, será de 1 gigawatt de capacidade, com expansão progressiva até atingir 6 gigawatts em diferentes gerações de hardware. 

OpenAI vai implantar GPUs Instinct da AMD em seus novos data centers (Imagem: Iljanaresvara Studio/Shutterstock)

Esse volume de chips representa um salto significativo de poder computacional. Em termos de consumo de energia, é o suficiente para abastecer milhões de lares.

Além do fornecimento de chips, o contrato inclui um arranjo financeiro inédito: a AMD concedeu à OpenAI um warrant — direito de comprar até 160 milhões de ações a preço simbólico — liberado em parcelas conforme o cumprimento de metas técnicas e comerciais.

Se todas as condições forem atendidas, a startup poderá se tornar dona de cerca de 10% da AMD, um dos maiores blocos de ações individuais da empresa.

Nvidia continua sendo peça central

Mesmo com a entrada da AMD no radar, a Nvidia continua no centro da estratégia da OpenAI. Em setembro, as duas empresas anunciaram uma parceria avaliada em US$ 100 bilhões (mais de R$ 530 bilhões).

Nvidia continua no centro da estratégia da OpenAI (Imagem: gguy/Shutterstock)

O acordo prevê a construção de data centers capazes de atingir 10 gigawatts de capacidade, usando a plataforma Vera Rubin da Nvidia a partir de 2026.

Diferente do arranjo com a AMD, nesse caso foi a própria Nvidia que investiu diretamente na OpenAI. Isso garantiu participação na startup e consolidou sua posição como fornecedora dominante do mercado de chips de IA. 

Para o CEO da OpenAI, Sam Altman, “tudo começa com computação” – e a aliança com a Nvidia é a base para sustentar avanços em larga escala. Já o CEO da Nvidia, Jensen Huang, foi além e classificou o acordo como combustível para “a próxima era da inteligência”.

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O mapa de expansão da OpenAI

Os acordos com Nvidia e AMD fazem parte de um projeto mais amplo. A OpenAI planeja uma infraestrutura de 23 gigawatts de capacidade computacional, distribuída em diferentes parceiros e regiões. 

Sam Altman (esq.) tem feito um giro internacional em busca de chips e novos aportes bilionários para a OpenAI (Imagem: Photo Agency e TSViPhoto – Shutterstock)

Já existem obras em andamento em estados como Texas, Novo México e Ohio, além de um polo no Meio-Oeste dos EUA. O primeiro data center, em Abilene (Texas), já opera com chips da Nvidia, enquanto os futuros complexos devem combinar diferentes fornecedores. 

Parte desse esforço está concentrada no projeto Stargate, que prevê centenas de bilhões de dólares investidos em data centers em parceria com Oracle e SoftBank.

A ambição, no entanto, não se limita aos Estados Unidos. Altman tem feito um giro internacional em busca de chips e novos aportes bilionários. O CEO firmou acordos com TSMC, Samsung, SK Hynix e Hitachi para ampliar a produção de semicondutores e de infraestrutura elétrica. 

Só com Samsung e SK Hynix, a expectativa é dobrar a capacidade global de produção de memória usada em IA. No Oriente Médio, Altman se reuniu com fundos soberanos como Mubadala e MGX para financiar um data center em Abu Dhabi — parte do Stargate — planejado para operar em escala sem precedentes.

(Essa matéria usou informações de CNBC e New York Times.)

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