Mistura de personalidades pode garantir sucesso em Marte

Uma nova pesquisa usou simulações de computador para testar como a mistura de personalidades pode afetar o trabalho de equipes em missões espaciais. Os cientistas descobriram que grupos com diversidade maior de características performam melhor sob pressão — uma informação que pode impactar como a NASA seleciona e treina seus astronautas. O estudo foi publicado na revista científica PLOS One, na última quarta-feira (8).

A equipe simulou uma missão de 500 dias em Marte com diferentes tripulações. Nesse ambiente, os astronautas virtuais enfrentaram privacidade limitada, espaços confinados e uma carga de trabalho estressante, tudo enquanto tiveram de manter um comportamento profissional, uma comunicação clara e boas relações com os companheiros.

Concepção artística retrata astronautas e habitats humanos em Marte. (Imagem: JPL/NASA)

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O estudo se baseou em teorias psicológicas associadas à modelagem baseada em agentes (ABM). Esse método cria avatares virtuais capazes de tomar decisões e interagir uns com os outros.

“Essa nova abordagem nos permite explorar como diferentes personalidades e funções podem afetar o estresse e o desempenho de uma tripulação, e nos dá uma ideia dos desafios humanos que os astronautas podem enfrentar nessas longas jornadas no espaço”, disseram os autores Iser Pena e Hao Chen, pesquisadores do Instituto de Tecnologia Stevens, em uma entrevista ao portal Science.com.

Diversidade de personalidades se mostrou essencial para equipe resilientes

Na pesquisa, a equipe argumenta que a diversidade psicológica deve ser um fator operacional tão importante quanto as tecnologias de suporte à vida. Segundo o grupo, há uma necessidade de criar ferramentas capazes de avaliar e otimizar a formação das tripulações. Essas análises devem considerar cenários realistas, como os desafios de uma viagem a Marte.

O método do estudo rastreou as interações entre os agentes, com suas características e funções, em um ambiente compartilhado. Isso permitiu aos cientistas mensurar os efeitos em larga escala da composição da equipe.

A simulação incorporou cinco traços principais de personalidade do modelo Big Five:

Abertura: curiosidade e imaginação

Amabilidade: cooperação e empatia

Conscienciosidade: organização e disciplina

Extroversão: sociabilidade e energia

Neuroticismo: mau humor e instabilidade

Para os pesquisadores, composição das equipes em missões espaciais é tão essencial quanto a tecnologia de suporte a vida. (Imagem: Reprodução/FFF)

Ao distribuir esses traços pelos membros da missão em diferentes funções, como médico, piloto e engenheiro, os pesquisadores descobriram que casos de mistura de personalidades se mostraram mais equilibrados e eficientes. Segundo os cientistas, isso indica que a diversidade de características e habilidades pode dar suporte à resiliência da equipe.

O grupo notou que o modelo tem limitações. Por exemplo, os agentes não amadurecem ao longo do tempo. Os pesquisadores acreditam que aprimorar as simulações será essencial para compreender como o estresse afeta os relacionamentos, um fator crucial na formação de tripulações para missões espaciais.

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