Descoberta chinesa pode dobrar vida útil da bateria de eletrônicos

Cientistas do Instituto de Física da Academia Chinesa de Ciências resolveram um problema crônico de baterias de lítio totalmente em estado sólido. A descoberta pode dobrar a vida útil de baterias de dispositivos eletrônicos, como smartphones, e auxilia projetos de robôs humanoides, aviação elétrica e veículos elétricos.

Baterias de lítio totalmente em estado sólido têm sido usadas para armazenamento de energia de última geração devido ao uso de eletrólitos sólidos inorgânicos, que melhoram a segurança e permitem maior densidade de energia. No entanto, poros que se formam na interface entre o ânodo e o eletrólito comprometem o seu desempenho.

Recentemente, a Toyota e a Sumitomo Metal Mining anunciaram progressos significativos no desenvolvimento de materiais catódicos para baterias totalmente de estado sólido, prometendo maior segurança, vida útil mais longa e carregamento mais rápido em comparação com baterias de íons de lítio convencionais.

Bateria de lítio convencional apresenta maior risco à segurança (Imagem: Vladyslav Horoshevych/iStock)

A tecnologia promete maior autonomia, potência elevada e tempos de carregamento reduzidos, além de contribuírem para a transição a uma sociedade neutra em carbono. A Toyota projeta lançar veículos elétricos com essa tecnologia entre 2027 e 2028, marcando um avanço significativo para a indústria automotiva, como informou o Olhar Digital.

A solução

Ao descobrir que o contato entre o eletrodo de lítio e o eletrólito sólido de sulfeto em baterias de lítio totalmente sólidas não é suficiente para evitar a formação dos poros, a equipe decidiu criar uma interface que controla o movimento de íons de iodeto pré-instalados em eletrólitos sólidos, explicou Huang Xuejie, autor do estudo publicado no periódico Nature Sustainability, ao site China Daily.

Isso ajuda a formar uma camada rica em iodo, atraindo íons de lítio que preenchem automaticamente os poros. Dessa maneira, mesmo sob baixa pressão interna, o ânodo e o eletrólito permanecem em contato próximo. E o resultado é uma energia superior a 500 watts-hora por quilograma, o que dobraria a vida útil da bateria de dispositivos eletrônicos.

Um protótipo desenvolvido pela equipe passou por centenas de ciclos de carga e descarga em condições de teste padrão e a tecnologia apresentou desempenho estável, superando resultados de baterias da mesma categoria. O novo design também simplifica o processo de produção e reduz o uso de materiais, sem aumentar custos.

Novo design também simplifica o processo de produção e reduz o uso de materiais (Imagem: D3signAllTheThings/iStock)

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Benefícios futuros

A nova interface eliminaria a dependência de equipamentos tradicionais de alta pressão externa, que tornam as baterias volumosas e pesadas para uso diário. E isso contribui para maior sustentabilidade e comercialização em larga escala, na opinião de Wang Chunsheng, professor da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.

“Essa estratégia também aumenta a adaptabilidade das baterias de lítio de estado sólido para armazenamento de energia renovável, potencialmente oferecendo soluções eficientes e econômicas para apoiar os objetivos globais de desenvolvimento sustentável”, disse ele à reportagem.

Tecnologia contribui para maior sustentabilidade e comercialização em larga escala (Imagem: PhonlamaiPhoto/iStock)

“Além disso, o conceito de interfase autoadaptativa universal pode fornecer um modelo para o projeto de baterias de estado sólido de próxima geração baseadas em outras substâncias químicas, como sódio ou potássio.”

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