Os últimos astronautas a pousar na superfície da Lua foram os norte-americanos Harrison Schmitt, Eugene Cernan e Ronald Evan, que chegaram ao satélite em 1972. Eles trouxeram de volta amostras de rochas e poeira que ficaram guardadas esperando que tecnologias melhores de análise estivessem disponíveis.
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Após quase 53 anos da visita, a Nasa começou a liberar as amostras intactas para investigação por cientistas e instituições capacitadas. A iniciativa faz parte do programa Apollo Generation Sample Analysis (ANGSA), que espera obter novos conhecimentos e coletar dados para apoiar explorações lunares futuras.
Entre as instituições escolhidas pela Nasa está a Universidade Brown, nos Estados Unidos. A equipe liderada pelo professor James Dottin investigou a proporção de isótopos de enxofre na Terra e na Lua e se surpreendeu com os resultados. O estudo foi publicado na revista científica JGR Planets em setembro.
Composição da Lua pode ser diferente
Foi analisada uma amostra de regolito lunar – camada feita de poeira e rochas que cobre a Lua – em um cilindro de 60 cm. Para descobrir a origem e possíveis semelhanças com outros materiais, foram investigados os isótopos de enxofre presentes.
Ao utilizar a técnica de espectrometria de massa de íons, os cientistas identificaram que o material lunar tinha compostos com níveis baixos de enxofre-33, diferentes do elemento encontrado em nosso planeta.
Missão Apollo 17 coletou amostras da Lua em 1972
Os cientistas acreditavam que a Lua e a Terra tinham a mesma composição química. Segundo a teoria, o satélite natural se formou assim que o protoplaneta Theia colidiu com a Terra. O impacto teria relação com as semelhanças entre o solo lunar e o terrestre.
“Antes disso do estudo, pensava-se que o manto lunar tinha a mesma composição isotópica de enxofre da Terra. Era o que eu esperava ver ao analisar essas amostras, mas, em vez disso, vimos valores muito diferentes de tudo o que encontramos no nosso planeta”, afirma Dottin, em comunicado.
O pesquisador relata que ele e sua equipe ficaram surpresos com o resultado e revistaram cada passo dado no processo, confirmando de fato que a análise estava correta.
Possíveis explicações
De acordo com os pesquisadores, duas teorias principais podem estar por trás do resultado: as amostras de rocha lunar têm proporções maiores de materiais de Theia do que se pensava ou que reações químicas na formação da Lua teriam reduzido o composto.
Ainda não é possível afirmar qual das duas possibilidades é a mais correta. Novos estudos serão necessários e ajudarão cientistas a encontrar a resposta, além de trazer mais pistas como o sistema solar se formou.
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