Apesar de ser a construção mais antiga do Egito, a Pirâmide de Djoser foi erguida com técnicas inovadoras para a época. Segundo pesquisadores franceses, a grande estrutura foi modelada através de um sistema de elevação hidráulico sofisticado.
A descoberta do pesquisador Xavier Landreau, do Instituto Paleotécnico CEA, em Paris, foi publicada na revista científica Plos One em 2024. No estudo, Landreau e seus colegas contam que esse tipo de tecnologia nunca havia sido relatado em construções egípcias antigas.
Estima-se que a Pirâmide de Djoser tenha sido levantada há cerca de 4,5 mil anos, sendo utilizada como um complexo funerário para o Faraó Djoser — segundo faraó da Terceira Dinastia do antigo Egito. Com mais de 60 metros de altura, o local era a estrutura artificial mais alta do mundo à época.
“Esta descoberta fornece uma resposta coerente a uma questão sobre a construção das pirâmides que permaneceu sem resposta por vários séculos”, destaca Landreau, em entrevista ao portal norte-americano Newsweek.
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Sistema hidráulico tecnológico na pirâmide
Ao utilizar imagens de radar de satélite e mapeamento de bacias hidrográficas da região, o pesquisador descobriu que o monumento foi construído abaixo de uma bacia fluvial. Registros arqueológicos antigos também auxiliaram o achado.
Com disponibilidade hídrica considerável, os egípcios utilizaram a força da água para erguer blocos de pedra pesados usados para a construção da pirâmide, como se fosse um elevador hidráulico.
Além do mecanismo tecnológico, o sistema contava com mais duas estruturas hídricas importantes: o recinto Gisr el-Mudir e a Deep Trench (Trincheira Profunda, em português).
A primeira tinha cerca de 2 quilômetros de comprimento e 15 metros de espessura e servia como uma barragem de contenção, retendo água e sedimentos, além de proteger a obra de inundações torrenciais. Já a Deep Trench era uma grande escavação, com 408 m de comprimento e 26 m de profundidade, que funcionava como uma estação de tratamento de água.
Ilustração mostra como era o sistema hidráulico da Pirâmide Djoser
“Mostramos que a água livre de sedimentos da estação de tratamento de Deep Trench teria sido introduzida em condutos subterrâneos sob a pirâmide de Djoser. Por meio dessa rede hidráulica, a água teria sido conduzida até o poço central abaixo da pirâmide e, por meio de ciclos de enchimento e drenagem, teria levantado um flutuador carregando pedras. A pirâmide de Djoser teria sido erguida como um vulcão, com materiais de construção chegando ao seu eixo central”, exemplifica Landreau.
O pesquisador compara o sistema hidráulico a um guindaste usado nos canteiros de obras atuais. Caso confirmada, a possibilidade mudaria o entendimento sobre as construções e o desenvolvimento das civilizações egípcias antigas.
Os cientistas ressaltam que mais investigações serão necessárias para comprovar a teoria. “Explorar poços ocultos dentro dessas pirâmides pode ser um caminho promissor para a pesquisa”, revela Landreau.
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