Tema da COP30: o que são mudanças climáticas e seus efeitos no planeta

Nos últimos anos, o planeta tem registrado alterações no clima que vão além das variações naturais que ocorreram ao longo da história da Terra. Fenômenos como tempestades mais intensas, secas prolongadas e chuvas fora do padrão têm se tornado cada vez mais frequentes.

A COP30, Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, da ONU, reúne líderes mundiais justamente para discutir soluções que possam reduzir emissões de gases de efeito estufa e fortalecer estratégias de adaptação frente aos novos desafios climáticos.

O encontro deste ano será realizado em Belém, de 10 a 21 de novembro, marcando a primeira vez que o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas. A reunião também busca dar visibilidade a questões negligenciadas, como a conservação de ecossistemas e a proteção de comunidades que dependem deles.

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O que são as mudanças climáticas e como surgiram

As mudanças climáticas atuais se diferenciam das variações naturais do clima registradas ao longo das eras geológicas. Em outros períodos da história do planeta, fenômenos como eras glaciais ou fases de aquecimento intenso ocorreram de forma espontânea, sem interferência humana.

Hoje, no entanto, o cenário é outro. “Mudanças climáticas são consequências diretas das atividades humanas, especialmente da queima de combustíveis fósseis, que aumentam a temperatura média global”, explica Flávia Martinelli, especialista em mudanças climáticas do Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil).

O acúmulo desses gases provoca o chamado efeito estufa, responsável por reter parte do calor do Sol e manter a Terra aquecida. Embora o fenômeno seja essencial para a manutenção da vida, ele se torna perigoso quando os níveis de gases ultrapassam o limite natural.

Com o excesso de calor retido na atmosfera, o equilíbrio climático se altera. Por isso, padrões de chuva mudam, ondas de calor se tornam mais longas e intensas, e tempestades passam a ocorrer com maior frequência e força — sinais claros de que o planeta está aquecendo mais rápido do que deveria.

Intensificação de fenômenos extremos

Diversos estudos internacionais apontam que, desde a década de 1970, as emissões de gases de efeito estufa e o aumento da temperatura média global avançam lado a lado. Esse movimento tem sido acompanhado por uma elevação na frequência e na intensidade de eventos climáticos extremos.

O gráfico mostra que a temperatura média global já está 1,6°C acima da registrada entre 1850 e 1900

No Brasil, essa tendência é evidente. Pesquisas mostram que a quantidade de desastres climáticos praticamente triplicou entre 1990 e 2023. Esses episódios se tornaram mais comuns em diversas regiões e afetam diretamente a produção de alimentos, o abastecimento de água e a saúde pública.

“Esse aquecimento interfere na circulação atmosférica e contribui para chuvas mais intensas, secas prolongadas e ondas de calor mais severas”, detalha Francisco de Assis, meteorologista de Brasília.

Ainda segundo o meteorologista, a maior variabilidade climática observada nas últimas décadas exige um novo olhar sobre planejamento urbano, manejo de recursos hídricos e agricultura. A adaptação passa a ser uma necessidade, e não só uma medida preventiva.

Interação entre fenômenos naturais e ação humana

Fenômenos como El Niño e La Niña influenciam o clima global, alterando padrões de chuva, temperatura e circulação atmosférica. Embora sejam naturais e ocorram há séculos, o atual aquecimento da Terra tem intensificado seus efeitos, tornando períodos de estiagem e tempestades mais severos.

“O aquecimento global não cria fenômenos como El Niño ou La Niña, mas altera a forma como eles se manifestam. Em anos de El Niño, por exemplo, as temperaturas sobem ainda mais, agravando secas e enchentes em diversas regiões do planeta”, afirma Reinaldo Silveira, pesquisador do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

Ao mesmo tempo, a influência humana é decisiva. O desmatamento, a queima de combustíveis fósseis e o uso intensivo dos recursos naturais modificam o regime de chuvas e a temperatura média global. A combinação entre fenômenos naturais e ação humana resulta em um clima mais irregular e difícil de prever.

Previsão, adaptação e limites tecnológicos

Antecipar fenômenos climáticos extremos exige tecnologia avançada, modelos climáticos sofisticados e coleta de dados precisa. Supercomputadores e equações físicas podem auxiliar na identificação de padrões e na previsão de eventos, mas a complexidade do sistema climático ainda limita a precisão das previsões.

Ainda assim, é possível reduzir a velocidade do aquecimento e preparar comunidades para lidar com mudanças inevitáveis. Ações coordenadas entre governos, setor privado e sociedade civil, além da transição para energias limpas, são essenciais para limitar efeitos futuros.

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