Esmeralda de R$ 2 bilhões é mantida em bunker durante leilão

A Serra da Carnaíba, no norte da Bahia, presenteou garimpeiros com uma canga de esmeralda de 241 quilos, que, agora, está em negociação em um leilão em São Paulo. O bloco de rocha com os cristais foi avaliado em US$ 374 milhões (cerca de R$ 2 bilhões), e o lance mínimo foi definido em R$ 105 milhões. Até agora, não há interessados. O prazo para apresentar propostas se encerra em 28 de outubro.

Enquanto isso, a peça é mantida em um bunker de cofres sob forte esquema de segurança, com porta blindada e sensores que detectam a presença de pessoas não autorizadas. O acesso passa por mais de cinco salas com controle de acesso biométrico, monitoramento por câmeras e seguranças, segundo o G1. A sala também conta com um sistema de cortina de fumaça e alarmes sonoros, causando desorientação em eventuais invasores.

Segundo o edital da Positivo Leilões, a arrematação será paga exclusivamente à vista, mediante depósito do sinal de 5% do valor da arrematação e da comissão do leiloeiro no prazo de 48h, e os 95% restantes dentro de 5 dias úteis. Custos extras como transporte, tributos e taxas são de responsabilidade do vencedor.

Bunker conta com um sistema de cortina de fumaça e alarmes sonoros (Imagem: Leka Sergeeva/Shutterstock)

“Colecionadores ao redor do mundo procuram exemplares variando de gramas a toneladas, levando em consideração a forma e integridade dos cristais, sua cor e pureza. Preços variam de centavos de dólar a centenas de milhões ou até um bilhão de dólares. A procura e os preços praticados têm aumentado significativamente, na última década, como ficou evidenciado recentemente no leilão da Receita Federal Brasileira onde uma peça foi arrematada por R$ 175.000.000,00”, diz o laudo técnico da peça.

Características da canga de esmeralda

Com 90 cm de altura por 40 cm de largura, a canga de esmeralda apresenta dimensões e peso acima da média;

A peça apresenta cores consistentemente na região do verde-esmeralda modificado por um tom azulado. O verde é realçado pela presença contrastante do xisto escuro e quartzo;

O item apresenta numerosos cristais hexagonais prismáticos, distribuídos no xisto. Isto ainda pode ser trabalhado de acordo com os desejos estéticos do comprador;

A maior parte dos prismas de esmeralda está bem preservada;

Como a peça contém outros minerais, como o quartzo, é importante observar as áreas de exposição do xisto contendo as esmeraldas. Nestas zonas, estima-se a presença de esmeraldas entre 45% e 50%.

Colecionadores consideram forma e integridade dos cristais, além de cor e pureza (Imagem: Liudmila Chernetska/iStock)

“Exemplares minerais oferecem uma janela para os trabalhos mais magníficos da natureza, revelando um momento congelado no tempo milhões de anos atrás onde a crosta da terra estava ativa, oferecendo temperaturas altíssimas e níveis de pressão suficientes para cristalizar minerais como a esmeralda”, diz o laudo escrito pelo gemólogo Norman Michael Rodi, graduado pelo Gemological Institute of America (GIA).

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Terra verde

As esmeraldas encontradas ao longo do eixo de Carnaíba – Pindobaçu no estado da Bahia são conhecidas desde 1963. O Brasil também tem minas de considerável importância em Campos Verdes, Goiás, e em diversas áreas de Minas Gerais. A geologia da área da Carnaíba (Pindobaçu, Campo Formoso e região) oferece exemplares de berilo na rocha mãe (cangas), frequentemente extraídos de profundidades além dos 300m.

A ocorrência de cristais grandes, por vezes maiores do que 10 cm, é exclusiva da região da Serra da Carnaíba e não é encontrada facilmente em qualquer outro local do planeta, explica o especialista. Este fator por si só já demanda valores expressos em centenas de milhões de dólares para cangas grandes. 

As peças são extremamente raras e encontram grande demanda, segundo Rodi. O valor é estimado especialmente pela sua beleza plástica, o que inclui cor, transparência e forma dos cristais, sua preservação, contraste e formato, além de tamanho, raridade e demanda no mercado.

Esmeraldas encontradas ao longo do eixo de Carnaíba – Pindobaçu são conhecidas desde 1963 (Imagem: HenriqueDona/Shutterstock)

Em maio, uma equipe de pesquisadores visitou o Garimpo das Carnaíbas, em Pindobaçu, para coletar amostras de granito — rocha responsável pelo início da mineralização — e de flogopititos, que contêm as esmeraldas como parte de um estudo inédito que busca entender a formação das esmeraldas na região. Elas serão datadas com métodos geocronológicos para determinar o momento exato em que ocorreu a mineralização.

“Hoje não sabemos com precisão quando esse processo aconteceu. Saber essa idade pode abrir novas perspectivas de exploração e pesquisa, além de possibilitar a descoberta de novos depósitos”, explicou o professor Haroldo Sá, da UFBA. A equipe também visitou o garimpo desativado de Socotó, em Campo Formoso, para comparar as esmeraldas das duas áreas.

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