Feito inédito: a inseminação que pode salvar raro felino da extinção

A inseminação artificial de um leopardo-de-amur realizada na França trouxe novas esperanças para a sobrevivência do felino mais raro do planeta.

O procedimento inédito foi feito com Khala, uma fêmea de 15 anos do Zoológico de Mulhouse, próximo à fronteira com a Alemanha, e pode representar um avanço importante para os programas de reprodução em cativeiro.

Os leopardos-de-amur são nativos das margens do rio Amur, na fronteira entre Rússia e China, e acredita-se que restem apenas algumas dezenas de exemplares em estado selvagem.

Baruto foi o primeiro a ir para a mesa de cirurgia para que seu sêmen fosse extraído (Imagem: Reprodução)

Como foi realizada a inseminação em Khala

A experiência com Khala foi conduzida por uma equipe de sete veterinários e coordenada por Benoit Quintard, diretor do Zoológico e Jardim Botânico de Mulhouse e coordenador do programa europeu de reprodução da espécie. “Isto é um feito inédito no mundo”, afirmou Quintard ao Phys.org;

Antes da cirurgia, Khala precisou ser sedada, resistindo à aproximação do rifle usado para aplicar o anestésico;

Minutos depois, o animal, de 35 quilos, já estava deitado na mesa de operação, cercado pelos profissionais;

Naquela mesma manhã, ela havia copulado novamente com Baruto, um macho de 14 anos e 15 quilos mais pesado, mas sem sucesso reprodutivo até então;

Diante disso, os veterinários decidiram dar uma ajuda à natureza.

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Baruto foi o primeiro a ser operado. Com um gotejamento intravenoso de anestésicos, o esperma do animal foi coletado sob supervisão do professor Thomas Hildebrandt, do Instituto Leibniz de Pesquisa em Zoológicos e Vida Selvagem, de Berlim (Alemanha), especializado em reprodução de espécies ameaçadas. Em seguida, Khala foi submetida à inseminação.

Animal está cada vez mais raro na natureza (Imagem: Reprodução)

Um exame de ultrassom revelou que ela havia ovulado, mas, também, apresentava cistos no útero. “Boa notícia: ela ovulou. Má notícia: há cistos”, disse Hildebrandt.

O problema poderia impedir que um óvulo fecundado se fixasse na parede uterina. Ainda assim, o procedimento seguiu. Com uma sonda inserida e um leve acionamento do gatilho, a inseminação foi concluída.

“Acredito que haja 50% de chance de ela engravidar agora”, avaliou Susanne Holtze, colega de Hildebrandt no Instituto Leibniz. Depois de uma pesagem e uma última injeção, Khala acordou e foi devolvida ao recinto, com a esperança sendo de que, em três meses, possa dar à luz a um filhote raro.

Motivos para otimismo

Enquanto isso, do lado chinês da fronteira, o Conselho Nacional de Florestas afirma ter motivos para otimismo.

Graças a um programa de conservação iniciado em 2017, Pequim estima que a população de leopardos selvagens quase dobrou, passando de 42 antes do projeto para 80 em 2025.

Khala já voltou ao seu habitat; espera-se que, em três meses, ela dê a luz a filhotes de Baruto (Imagem: Reprodução)

No entanto, o esforço global de preservação enfrenta um obstáculo: o programa russo de reintrodução da espécie foi suspenso indefinidamente devido à guerra na Ucrânia.

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