Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), da ONU, mostra que os investimentos para a preservação de florestas precisam triplicar até 2030 e crescer seis vezes mais até 2050 para que as metas ambientais sejam alcançadas.
Em 2023, foram investidos US$ 84 bilhões (cerca de R$ 452 bilhões), com a maior parte vindo de recursos financeiros públicos. Para proteger e preservar as florestas, o documento aponta que o montante deve subir para US$ 300 bilhões (equivalente a R$ 1,614 trilhão) até 2030 e US$ 498 bilhões (cerca de R$ 2,684 trilhões) até 2050.
“As florestas não são apenas depósitos de carbono ou habitats da vida selvagem, elas são a infraestrutura de nossos sistemas globais de alimentos, água e economia”, afirma Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA, em comunicado após a publicação do relatório, em 14 de outubro.
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A especialista ressalta que deixar de investir na proteção das florestas traz prejuízos para todos, mas principalmente para países onde as escolhas de desenvolvimento econômico podem impactar diretamente a conservação ambiental.
O PNUMA foi criado em 1972 para promover a agenda ambiental no mundo e incentivar a implementação de políticas públicas de desenvolvimento sustentável entre os países.
Maior investimento nas florestas
Mesmo com compromissos assumidos em tratados internacionais, incluindo o Acordo de Paris em 2015, o relatório mostra que a falta de apoio financeiro é o principal impeditivo para o manejo florestal sustentável – exploração dos recursos econômicos, sociais e ambientais de forma responsável.
Utilização inadequada dos recursos prejudica a saúde florestal
Hoje há uma lacuna financeira de US$ 216 bilhões (aproximadamente R$ 1,163 trilhão) no investimento necessário para bater as metas florestais até 2030. Além de insuficiente, o PNUMA afirma que o capital é mal direcionado.
Outro fator preocupante é o tamanho dos investimentos feitos em ações prejudiciais para o meio ambiente, bem maiores do que os incentivos para a conservação. Eles passam de US$ 400 bilhões (R$ 2,153 trilhões) anuais. Como consequência, cerca de 2,2 milhões de hectares florestais são perdidos anualmente, correspondente a quase o tamanho da cidade de Florianópolis.
Embora instituições privadas tenham se comprometido com o desmatamento zero até 2030, os investimentos feitos por elas também se mantêm mínimos em relação a medidas sustentáveis.
Proteção é mais barata que restauração
Segundo o documento, os espaçamentos entre as metas podem ser preenchidos de forma mais eficaz e barata. Por exemplo, em comparação com ações para restaurar as florestas, o financiamento para protegê-las requer apenas US$ 32 bilhões dos US$ 216 bilhões necessários até 2030. A medida cumpriria 80% da meta estabelecida para os próximos cinco anos.
Às vésperas da COP30, o financiamento climático para aplicação de medidas deve estar entre os assuntos prioritários do evento.
“Essa deve ser uma das grandes pautas da conferência, pois é preciso definir quais fundos estarão disponíveis e como eles serão redistribuídos entre os países”, ressalta a pesquisadora Marina Hirota, do Instituto Serrapilheira. Ela faz parte do conselho científico que assessora a presidência da COP30.
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