Na busca por consumir alimentos de maneira cada vez mais natural, uma cena idílica se forma no imaginário: um vasto campo, a vaca sendo ordenhada e a caneca de leite fresco na mão. A imagem, digna de livros e filmes, por mais natural que pareça, pode fazer mal à saúde.
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Beber leite cru, ou seja, aquele que não passou por nenhum processo de pasteurização ou esterilização, representa riscos reais e pode conter uma série de microrganismos responsáveis por doenças como salmonela, difteria, entre outras.
Rico principalmente em cálcio, o consumo de leite traz benefícios como o fortalecimento dos ossos, segundo o Ministério da Saúde. Alguns estudos sugerem, ainda, associação entre maior ingestão de cálcio (incluindo leite) e menor risco de câncer de cólon.
Contudo, ingerir leite cru, seja de vaca, cabra ou ovelha, ainda que esses animais sejam considerados sagrados por aspectos culturais e religiosos, representa um perigo invisível.
Faz mal tomar leite cru e direto da vaca?
Beber leite cru, ou seja, aquele que não passou por nenhum processo de pasteurização ou esterilização, representa riscos reais à saúde humana e pode conter uma série de microrganismos responsáveis por doenças.
O que é leite cru?
Leite cru é aquele que não passou por nenhum tipo de tratamento e contém microrganismos naturais, que podem abrigar bactérias, vírus e parasitas capazes de causar doenças graves.
O que significa beber “leite direto da vaca”?
O “leite direto da vaca” está associado ao ato de consumir o leite imediatamente após a ordenha, sem os processos de tratamento que eliminam os agentes patogênicos.
Em linhas gerais, beber o “leite direto da vaca” ou “leite cru” significa ingerir o líquido sem o controle sanitário rigoroso e necessário dos tratamentos de pasteurização ou esterilização.
88% do leite de vaca é apenas água, sem nenhum valor comercial (Imagem: ahavelaar/iStock)
Diferenças entre pasteurização e esterilização
Os diferentes tipos de tratamento térmico aos quais o leite é submetido determinam como ele será conservado e por quanto tempo poderá permanecer próprio para consumo. A combinação de temperatura e tempo define o processo e interfere diretamente na validade do produto.
Pasteurização
Realizada em temperatura inferior a 100 °C, pode ser lenta ou rápida. Após o aquecimento, o leite é resfriado imediatamente e mantido refrigerado durante a distribuição e o armazenamento.
O processo elimina microrganismos que causam doenças sem alterar de forma significativa o sabor ou os nutrientes. A validade do leite pasteurizado depende de alguns fatores, principalmente da temperatura de armazenamento, e em geral dura cerca de 7 dias.
Esterilização
Exposto a temperaturas superiores a 100 °C por um tempo predeterminado, o processo tem como objetivo eliminar microrganismos. A forma mais comum de esterilização é o UHT (Ultra High Temperature), que aquece o leite a pelo menos 135 °C por alguns segundos e, em seguida, é resfriado até a temperatura ambiente.
Esse método resulta na eliminação de praticamente todos os microrganismos presentes. O leite é embalado de forma asséptica, permitindo que seja armazenado por vários meses na prateleira até a abertura da embalagem.
Por que o consumo de leite cru representa risco?
O leite cru não passa por nenhum tratamento, seja pasteurização ou esterilização. Por isso, microrganismos presentes no líquido podem chegar ao organismo humano sem barreiras, representando um risco real e invisível de infecção e doença.
Legislação e autoridades internacionais
No Brasil, a venda de leite cru para consumo direto da população é proibida desde 1969. De acordo com o Decreto-Lei nº 923, é proibida a comercialização de leite cru para consumo direto em todo o território nacional, estabelecendo que somente o produto submetido a processos de tratamento pode ser vendido.
Além da legislação nacional, autoridades internacionais também alertam para os riscos associados ao consumo de leite cru. A Food and Drug Administration (FDA), órgão dos Estados Unidos responsável por proteger a saúde pública por meio da regulação de alimentos e medicamentos, reforça que a pasteurização é uma medida básica de saúde pública.
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