A madeira tem ganhado destaque nas discussões sobre construção sustentável e descarbonização global. Com a COP30 se aproximando, o material surge como uma alternativa para reduzir emissões de carbono e colaborar com a preservação do meio ambiente.
Ao contrário do aço e do concreto — que liberam grandes quantidades de carbono durante a produção —, a madeira funciona como um reservatório natural de gás, mantendo-o armazenado por décadas quando extraída de florestas administradas de forma planejada e sustentável.
Além disso, a madeira apresenta soluções tecnológicas que garantem segurança e durabilidade. Edifícios de múltiplos andares já são construídos com esse material em diversos países, mostrando que é possível aliar sustentabilidade e qualidade estrutural sem comprometer o design ou a resistência.
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Como a madeira ajuda a reduzir o carbono
Durante o crescimento, as árvores absorvem dióxido de carbono da atmosfera e o transformam em madeira. Esse carbono permanece retido mesmo após o corte, quando o material é usado em móveis, portas ou construções.
Assim, cada estrutura feita de madeira funciona como um “cofre de carbono” — o gás só retorna à atmosfera se o material for queimado ou se decompor completamente. O engenheiro florestal Jorge Farias, coordenador de pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), reforça que o papel das florestas vai além da preservação, funcionando como grandes reservatórios de carbono.
“As florestas são a melhor solução baseada na natureza para enfrentar o aquecimento global. Cada peça de madeira carrega carbono fixado e o mantém imobilizado enquanto o material permanecer em uso”, explica Jorge.
Essa capacidade faz da madeira um dos poucos materiais de construção que contribuem diretamente para a retirada de carbono da atmosfera. Com o uso em larga escala, aliada à reposição contínua de florestas, a produção florestal passa a integrar as estratégias de diminuição das mudanças climáticas.
Uso responsável garante sustentabilidade
A madeira só pode ser considerada sustentável quando retirada de florestas manejadas de forma planejada, ou seja, quando o corte é controlado, respeita o tempo de regeneração e mantém a floresta viva.
A madeira é considerada sustentável apenas quando proveniente de manejo florestal planejado, que controla o corte e preserva a capacidade de regeneração da floresta
No Brasil, a prática é comum em plantações de espécies como eucalipto e pinus, mas também pode ocorrer em áreas de floresta nativa, desde que dentro das regras legais. Segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles, a principal meta é equilibrar o uso econômico com a preservação ambiental.
Incentivos e fiscalização são essenciais
A ampliação do uso da madeira depende de políticas públicas que incentivem a produção legal e sustentável. Linhas de crédito, apoio técnico e programas de reflorestamento em áreas degradadas são considerados fundamentais para expandir o setor.
“O incentivo fiscal sobre áreas degradadas seria fundamental. Transformar pastagens improdutivas em zonas produtivas de madeira permite recuperar o solo e, ao mesmo tempo, avançar na descarbonização”, explica o engenheiro agrônomo Eduardo Funari, especializado em gestão ambiental.
Além do incentivo, a fiscalização é vista como peça-chave para evitar a exploração ilegal da madeira. Com o uso de satélites e a aplicação das leis ambientais, é possível identificar áreas de desmatamento e garantir que a produção ocorra dentro das normas.
Brasil como referência em madeira sustentável
Com uma das maiores áreas de floresta preservada do planeta e ampla diversidade de espécies, o Brasil reúne condições para se tornar referência global em sustentabilidade florestal, equilibrando exploração e conservação.
“Nosso conhecimento técnico permite aproveitar as florestas sem comprometer o meio ambiente e gerar retorno econômico ao mesmo tempo”, detalha Eduardo. Investir em manejo planejado e na capacitação de profissionais é fundamental para a consolidação da madeira como alternativa viável na construção civil.
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