Nos últimos dias, imagens de abelhas (Anthophila) dormindo sobre flores viralizaram nas redes sociais. Os insetos são muito importantes para os ecossistemas e a preservação do meio ambiente e seu papel vai muito além da produção de mel. Segundo especialistas entrevistados pelo Metrópoles, o comportamento realmente acontece, mas é mais comum entre abelhas solitárias.
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“As imagens são reais, mas não envolvem abelhas sociais e sim as solitárias. É importante lembrar que, no mundo, existem mais de 17 mil espécies de abelhas, e apenas cerca de 6% delas são sociais. A maioria é composta por espécies solitárias ou que têm um comportamento social mais primitivo”, explica o criador de abelhas, Bruno Uchoa, do apiário Terra Boa Abelhas, em Brasília.
A diferença entre espécies de abelhas sociais e solitárias está no estilo de vida. Insetos sociais moram em colônias com uma abelha-rainha, responsável pela postura de ovos, além de atuar como operárias, mantendo a ordem da “moradia”.
Já na vida das sozinhas, uma única fêmea é responsável por todas as tarefas, incluindo acasalamento, construção do ninho, postura dos ovos e cuidados com as larvas. Normalmente, elas morrem em cerca de dois meses e não têm contato com seus filhotes. As informações são da Associação Brasileira de Estudo das Abelhas.
De acordo com Uchoa, as solitárias podem ter hábitos diurnos, crepusculares – ativas no amanhecer e entardecer – ou até noturnos. “As diurnas, por exemplo, buscam algum local para repousar durante a noite — e muitas escolhem as flores”, diz o especialista.
Como funciona o sono das abelhas
A função do sono nas abelhas é parecida com a nossa, ajudando a recuperar a energia, consolidar memórias, além de auxiliar na melhora de habilidades de aprendizado e navegação. Enquanto dormem, elas se tornam menos ativas, reduzindo a movimentação e diminuindo o metabolismo durante o repouso.
“Em média, uma abelha dorme entre cinco e oito horas por dia, tirando múltiplos cochilos ao longo do período de 24 horas. Se não descansarem o suficiente, elas ficam desorientadas e com dificuldades para encontrar o caminho de volta para a colmeia e para localizar flores com precisão”, revela o professor de biologia Fábio Samuel Valério, do Colégio Católica Machado de Assis, em Joinville, Santa Catarina.
Mesmo não tendo pálpebras, alguns sinais demonstram que as abelhas estão tirando uma soneca. Caso veja esses insetos em postura relaxada, com antenas caídas e corpo imóvel, respeite o período de descanso e não mexa com eles.
Imagem mostra abelha dormindo agarrada em galho e com antenas recolhidas
Além de flores, é comum encontrar abelhas apoiadas em folhas ou galhos. “Algumas espécies dormem em pares para manter o calor corporal. Outras descansam de forma mais inusitada, de bumbum para cima”, revela o apicultor e meliponicultor Luiz Lustosa Vieira, presidente do Instituto Abelha Nativa.
Importância das abelhas
Ao polinizar plantas com flores, as abelhas garantem a formação de frutos e sementes. A ação ajuda na reprodução de várias espécies vegetais, incluindo alimentos básicos na rotina alimentar, como arroz, feijão e soja. Além de sustentar cadeias alimentares, o processo natural auxilia a diversidade genética das plantas.
Mesmo cumprindo um papel essencial, as abelhas também não estão livres dos impactos promovidos pelas ações humanas, como desmatamento e mudanças climáticas. O uso sem muitas restrições de pesticidas e a disseminação de parasitas também atrapalham a manutenção da espécie.
“Isso pode gerar problemas no futuro para toda a cadeia alimentar. É importante levantar a questão da proteção às abelhas, pois elas têm um valor muito grande no meio ambiente”, ressalta Vieira, que também é mandatário da Federação de Meliponicultores do Distrito Federal.
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