Estudo explica por que tubarões “dóceis” devoraram turista em Israel

Um grupo de tubarões-escuros (Carcharhinus obscurus) matou um turista de 40 anos que nadava na costa de Hadera, em Israel. O homem entrou no mar com uma GoPro para filmar os animais quando o incidente ocorreu. O ataque aconteceu em meados de abril e surpreendeu os cientistas, já que a espécie é considerada inofensiva.

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Ao produzir um relatório sobre o caso, pesquisadores acreditam que um dos tubarões deu uma mordida exploratória na câmera, mas errou o alvo. Além de machucar, o ataque deixou o homem em pânico. O sangue e a apatia provavelmente estimularam um frenesi alimentar nos peixes, que o devoraram.

O documento foi escrito pelos biólogos marinhos Eric Clua, da Universidade de Pesquisa em Ciências e Letras de Paris, e Kristian Parton, da Universidade de Exeter, no Reino Unido. A publicação foi feita na revista científica Ethology em agosto.

Após suplicar por socorro, o homem desapareceu de vista, enquanto manchas vermelhas apareciam no local. “No dia seguinte, buscas no mar recuperaram restos humanos (em quantidades muito pequenas) que permitiram a confirmação forense da identidade da vítima, mas também levaram à conclusão de que ela havia sido devorada por vários tubarões durante o incidente”, escrevem os autores do artigo.

Tubarões mal acostumados

Pela falta de agressividade com humanos, tubarões-escuros são animais indicados para atividades de ecoturismo, como alimentação e interação. A costa de Hadera é um dos locais mais populares para vê-los. Isso acontece pela proximidade com uma usina de dessalinização, que deixa a água com temperatura mais amena e em boas condições para os grandes peixes.

Imagens mostram frames do momento em que tubarões-escuros devoram homem em Israel

No entanto, os biólogos sugerem que a interação intensa com humanos provoca comportamentos não naturais dos tubarões, o que pode ter contribuído para o ataque.

“O abastecimento artificial na área ‘acostumou’ os animais a comportamentos que incluem implorar por alimento, o que resultou em um tubarão ousado exibindo um primeiro reflexo desajeitado mirando a câmera do mergulhador, ferindo-o involuntariamente”, afirma o relatório.

Mesmo desestimulando a pesca de tubarões e incentivando a proteção de habitats, também é necessário dar limites na relação entre animais e humanos a fim de evitar acidentes.

De acordo com os cientistas, proibir a alimentação dos peixes ajudaria a eliminar o comportamento de mendicância e manteria uma “distância” segura entre ambas partes.

“A pior solução seria eliminar de forma não seletiva todos os tubarões presentes nesta área na forma de um abate, uma vez que a responsabilidade por este incidente específico é essencialmente dos humanos”, ressaltam os pesquisadores.

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