Fungo eletrônico: cientistas criam memória de computador de cogumelos

Com o avanço da tecnologia, computadores neuromórficos têm ganhado cada vez mais espaço. Em comparação com as tradicionais, a máquina tem diferenças no processamento e capacidade de aprendizado, sendo inspirada no funcionamento do cérebro humano.

Leia também

Mundo

Alemanha lança supercomputador e cobra Europa sobre corrida da IA

Ciência

Cogumelos mágicos: entenda qual é a importância dos fungos na natureza

Saúde

Estudo: substância dos “cogumelos mágicos” pode atrasar envelhecimento

Claudia Meireles

Harry e Meghan se unem a Elon Musk contra superinteligência em IA

Ao se debruçar na criação de uma versão neuromórfica, pesquisadores norte-americanos descobriram que cogumelos shiitake (Lentinula edodes) servem como matéria-prima para produzir memristores funcionais, um dos componentes eletrônicos desses computadores. A pesquisa liderada pela Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, foi publicada no periódico PLOS One no início de outubro.

Os memristores são partes capazes de armazenar muito mais informações que os sistemas atuais. E o mais curioso: podem ser feitos biologicamente. Usando o micélio do cogumelo, os pesquisadores criaram uma tecnologia de baixo custo e ecologicamente correta.

“Ser capaz de desenvolver microchips que imitam a atividade neural real significa que não é preciso muita energia para o modo de espera ou quando a máquina não está sendo usada. Isso pode representar uma enorme vantagem computacional e econômica”, exalta o autor principal do artigo, John LaRocco.

Por que usar cogumelos?

Para desenvolver computadores que “pensem” como humanos, é necessário o uso de componentes com comportamentos parecidos com parte do nosso cérebro. Nesse ponto entra a participação dos cogumelos. As redes miceliais dos fungos são semelhantes às redes neurais, transmitindo informações através de sinais elétricos e químicos.

Os pesquisadores cultivaram amostras de cogumelos shiitake até ficarem maduros. Em seguida, eles foram desidratados e conectados a fios elétricos especiais, sendo eletrocutados em diversas voltagens e frequências.

Após dois meses, os pesquisadores identificaram que, quando utilizado como memória do computador, o memristor biológico conseguiu alternar entre estados elétricos a até 5,85 Hertz – relativamente rápido para um dispositivo biológico – e com precisão de 90%. Ou seja, o dispositivo conseguiu gravar dados na “memória” do computador de forma eficiente.

Quando a frequência de voltagens elétricas aumentou, o desempenho caiu. No entanto, ao adicionar mais cogumelos ao circuito, a perda era compensada.

“A sociedade está cada vez mais consciente da necessidade de proteger o meio ambiente e garantir sua preservação para as gerações futuras. Portanto, esse pode ser um dos fatores que impulsionam novas ideias ecologicamente corretas como essas”, ressalta uma das autoras do artigo, Qudsia Tahmina.

Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!