Hackers e crime organizado se unem para desviar cargas com ataques cibernéticos

Hackers estão se unindo a organizações criminosas para roubar cargas por meio de ataques cibernéticos direcionados a transportadoras e empresas de logística, de acordo com pesquisa recente da Proofpoint, divulgada pela Bloomberg.

A ação envolve a infiltração em sistemas corporativos, o sequestro de informações e o uso de ferramentas de acesso remoto para desviar mercadorias – esquema que pode causar prejuízos bilionários a empresas e consumidores.

A companhia afirma ter “alta confiança” de que os hackers atuam em colaboração com quadrilhas especializadas em roubo de cargas. O objetivo é acessar redes internas de transportadoras e corretores de frete, permitindo que os criminosos assumam o controle de embarques e desviem produtos para revenda online ou exportação ilegal.

As tentativas de ataque já geram impactos expressivos na cadeia global de suprimentos. Segundo a Proofpoint, os efeitos vão muito além das empresas afetadas, atingindo portos, transportadoras, negócios e consumidores finais. Selena Larson, analista sênior de inteligência de ameaças da empresa, classificou o fenômeno como uma ameaça em larga escala à cadeia logística mundial.

Hackers têm atuado em colaboração com quadrilhas especializadas em roubo de cargas, gerando prejuízos bilionários (Imagem: pickingpok/Shutterstock)

Hackers usam engenharia social e exploram sistemas do setor

Os ataques identificados combinaram engenharia social e conhecimento profundo das operações do setor logístico. Hackers se passam por profissionais do ramo e exploram ferramentas tecnológicas usadas para agilizar o transporte de cargas. Em muitos casos, sistemas legítimos de acesso remoto são instalados de forma fraudulenta para permitir o controle total das máquinas vítimas.

A Proofpoint observou que os criminosos têm penetrado plataformas conhecidas como load boards, utilizadas para conectar transportadoras a cargas disponíveis. Quando um transportador responde a uma publicação adulterada, recebe um e-mail com um link malicioso que instala software de acesso remoto.

A alta demanda por fretes e o senso de urgência tornam as empresas vulneráveis, já que funcionários podem clicar em links suspeitos para garantir uma operação.

Entre os itens mais visados pelos hackers estão alimentos e bebidas, com destaque para energéticos – alguns dos quais, segundo o relatório, são levados para o exterior devido a proibições ou restrições em outros países.

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A Proofpoint afirma ter detectado ao menos três grupos distintos atuando nesse modelo desde 2024, com quase duas dezenas de campanhas observadas nos últimos meses. O National Insurance Crime Bureau calcula que perdas por roubo de carga aumentaram 27% em 2024 e devem crescer 22% em 2025, somando US$ 35 bilhões ao ano.

Segundo relatório, entre os itens mais visados pelos hackers estão alimentos e bebidas, com destaque para energéticos (Imagem: TY Lim / Shutterstock)

A operação criminosa envolve múltiplos entes, formando o que os pesquisadores chamam de “casamento entre cibercrime e crime organizado”. A origem dos hackers não foi identificada, mas há indícios de atuação a partir da Rússia ou da Europa Oriental.

Características do esquema observado:

invasão de redes corporativas;

uso de engenharia social;

envio de links maliciosos via e-mail;

instalação de ferramentas de acesso remoto;

desvio e revenda de cargas.

Os especialistas alertam que combater a prática exige trabalho conjunto entre autoridades, empresas e usuários, dada a complexidade dos ataques e seu potencial de impacto na economia global.

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