No coração de Zurique, na Suíça, um estacionamento guarda um segredo maior do que os veículos estacionados: um bunker capaz de abrigar até 11 mil pessoas em emergências, segundo matéria do The Washington Post. A descoberta, compartilhada por Samantha Aeschbach, guia turística da cidade, mostra como o país combina infraestrutura urbana com proteção civil.
A Suíça, famosa por sua neutralidade, investe centenas de milhões de dólares para atualizar sua vasta rede de abrigos, adaptando-os a novos cenários de conflito e ameaças.
Bunkers modernos, completos e preparados para crises
Segundo a matéria, o estacionamento Urania é apenas um exemplo da extensa rede suíça, que inclui cerca de 370 mil abrigos pessoais e instalações militares. Cada abrigo possui paredes de concreto reforçado, portas blindadas, sistemas de ventilação e filtros capazes de resistir a armas nucleares, biológicas ou químicas.
O direito a um abrigo pessoal está previsto na Lei Federal de Proteção Civil, de 1963.
Silvia Berger Ziauddin, professora de História Suíça e Contemporânea na Universidade de Berna, ao The Washington Post.
Ela explica que essa mentalidade de bunker faz parte do DNA nacional, evoluindo desde o Reduto Nacional do século XIX até a ameaça nuclear da Guerra Fria.
Nos próximos anos, o governo suíço planeja modernizar 200 grandes bunkers, com um investimento de US$ 276 milhões (R$ 1,6 bilhão) ao longo de 15 anos. Além disso, um fundo de US$ 1,2 bilhão (R$ 7 bilhões) será usado para renovar sistemas de ventilação e filtragem em abrigos antigos.
Guerra na Ucrânia teve impacto na decisão
A invasão da Ucrânia pela Rússia trouxe uma nova percepção sobre segurança. Daniel Jordi, chefe da Divisão de Proteção Civil da Suíça, explica: “Algumas pessoas precisam trabalhar mesmo em conflito. Se houver ataque aéreo em grandes cidades, é necessário proteger essas pessoas”.
Leia mais:
Rio anuncia “supercâmeras” com IA para buscar criminosos
ICE amplia uso de inteligência artificial para monitorar imigrantes e críticos nos EUA
Inteligência artificial já substitui operadores em parte das ligações de emergência
O país também analisa experiências de países como Finlândia, Israel e Ucrânia, visando manter escolas abertas e reduzir traumas em crianças durante crises. “Temos que definir: contra o que queremos proteger?”, acrescenta Jordi.
Mercado de bunkers privados em crescimento
Além dos abrigos públicos, a Suíça tem forte demanda por bunkers privados. Xavier Brun, CEO da Bunker Swiss, afirma que a guerra na Ucrânia e conflitos no Oriente Médio aumentaram o interesse por segurança e privacidade. Seus kits de bunkers custam entre US$ 46 mil e US$ 93 mil (R$ 265 mil a R$ 540 mil).
Erich Breitenmoser, dono de um dos maiores bunkers privados do país, destaca a importância do investimento: “Noé não construiu a arca durante o dilúvio, ele construiu antes. Você pode nunca precisar, mas, se precisar, vai agradecer por tê-la”.
Características dos bunkers:
Capacidade média: 1 m² por pessoa e volume de 2,5 m³.
Estrutura: concreto reforçado, portas blindadas, sistemas de ventilação e filtros contra armas nucleares, biológicas ou químicas.
Instalações: ao menos um vaso sanitário seco a cada 30 pessoas; alguns abrigos contam com chuveiros e vasos sanitários comuns.
Localização: próximos a residências e centros urbanos; alguns transformados em museus, fábricas de queijo ou estufas de cogumelos.
O post Como a Suíça prepara sua população para emergências com bunkers subterrâneos apareceu primeiro em Olhar Digital.






