Google fecha ‘acordo verde’ com startup brasileira para reflorestar a Amazônia

O Google fechou seu maior acordo de remoção de carbono até agora para financiar o reflorestamento da Amazônia, revelou a Reuters nesta quinta-feira (06). O contrato foi assinado com a startup brasileira Mombak, que se torna a principal fornecedora de créditos de carbono da big tech. 

O projeto vai compensar 200 mil toneladas de CO₂ — quatro vezes mais que o volume do acordo-piloto fechado em 2024. E amplia o esforço da empresa para neutralizar as emissões geradas por data centers usados no avanço da inteligência artificial (IA). 

O anúncio ocorre às vésperas da COP30, que em 2025 vai ocorrer em Belém (PA). Além disso, reforça o papel do Brasil no debate climático global. 

A iniciativa também integra o movimento de grandes empresas em busca de projetos de compensação mais confiáveis, diante das críticas a créditos de carbono de baixa qualidade e dos alertas de cientistas sobre a urgência de reduzir as emissões de gases poluentes.

Google aposta em reflorestamento na Amazônia para compensar emissões

O acordo entre o Google e a Mombak marca um passo importante na estratégia climática da empresa, mas os valores não foram divulgados.

A startup brasileira se especializou em recuperar antigas áreas de pastagem e transformá-las novamente em floresta tropical, usando espécies nativas e monitoramento de longo prazo. 

Estudo mostra que o desmatamento ameaça a sustentabilidade da floresta amazônica (Imagem: Paralaxis/iStock)

Segundo o Google, o modelo é considerado mais seguro e mensurável do que outros tipos de crédito de carbono. “A tecnologia mais confiável que temos para remover carbono da atmosfera é a fotossíntese”, disse Randy Spock, chefe global de créditos de carbono e remoção da empresa, em entrevista à Reuters.

O acordo também sinaliza uma mudança de foco dentro do próprio setor de tecnologia. Grandes companhias vêm buscando compensar as emissões associadas aos data centers de IA, que exigem alto consumo de energia. 

Para o Google, o reflorestamento da Amazônia é uma das formas mais eficientes de equilibrar o impacto climático de suas operações. E, ao mesmo tempo, apoiar um modelo de economia verde no Brasil.

Pressão por créditos de carbono confiáveis cresce com expansão da IA

A corrida por soluções de compensação ganhou força à medida que as emissões ligadas à IA aumentam. Só em 2024, as emissões indiretas do Google triplicaram (em comparação a 2020), chegando a mais de três milhões de toneladas de CO₂

Esses números refletem o impacto energético dos servidores e data centers que sustentam o crescimento da IA generativa. Nesse contexto, empresas como o Google vêm evitando créditos baseados apenas na preservação florestal (o modelo REDD), que foi alvo de denúncias de fraude e ligação com o desmatamento ilegal no Brasil.

A corrida por soluções de compensação ganhou força conforme emissões de gases poluentes ligadas à data centers usados para IA aumentaram (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Para elevar a credibilidade do mercado, o Google se uniu a Meta, Microsoft, Salesforce e McKinsey na criação da Symbiosis Coalition, aliança que pretende contratar mais de 20 milhões de toneladas de créditos de carbono até 2030 com padrões científicos rigorosos. 

O projeto da Mombak foi o primeiro a atender a todos esses critérios – entre eles: transparência contábil, benefícios à biodiversidade e impacto positivo para comunidades locais

A alta demanda por iniciativas desse tipo, somada à escassez de projetos certificados, elevou o preço dos créditos de carbono brasileiros, que hoje podem ultrapassar US$ 100 (cerca de R$ 570) por tonelada.

COP30 reforça protagonismo do Brasil no debate climático

O acordo do Google com a Mombak coincide com a abertura da Cúpula de Líderes da COP30, em Belém (PA), na qual a Amazônia é o símbolo central das negociações

Lula em discurso na COP30 (Imagem: Reprodução)

O governo brasileiro vem usando o evento, marcado para começar oficialmente na segunda-feira (10), para defender o papel do país como líder na agenda ambiental, destacando projetos de preservação e novos mecanismos de financiamento verde. 

Entre as propostas apresentadas está o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa que busca arrecadar até US$ 125 bilhões (cerca de R$ 680 bilhões) por ano para apoiar a conservação de biomas tropicais em mais de 70 países.

Durante a abertura da Cúpula de Líderes da COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou que é “hora de levar a sério os alertas da ciência e encarar a realidade” sobre o aquecimento global. 

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O discurso marcou o tom político da cúpula e reforçou o apelo por uma cooperação global mais efetiva. Nesse cenário, acordos como o do Google simbolizam a integração entre tecnologia, mercado e conservação.

Na prática, isso aproxima a iniciativa privada das metas climáticas que o Brasil promete liderar na década. Entre elas, estão: zerar o desmatamento até 2030 e reduzir as emissões líquidas em 67% até 2035.

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