Como cidades poluídas viraram exemplos de recuperação ambiental

Em algumas partes do mundo, incluindo no Brasil, cidades que enfrentavam níveis altos de poluição conseguiram mudar de rumo ao adotar modelos urbanos mais limpos.

Bogotá, na Colômbia, é referência em mobilidade sustentável com o uso de ônibus elétricos e incentivo às ciclovias. Já no Brasil, Curitiba apostou em transporte coletivo mais eficiente e políticas de reciclagem. A cidade também é conhecida por ter 70% da população usuária do transporte público, modelo que ajudou a manter baixos níveis de emissões de gases poluentes.

Freiburg, na Alemanha, adotou construções “passivas”, que reduzem drasticamente o consumo energético, e Copenhague, na Dinamarca, cortou as emissões investindo em ciclovias e transporte integrado.

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Para que essa mudança aconteça de fato, é essencial que as cidades ofereçam infraestrutura adequada, como vias seguras e sombreadas para o uso de bicicletas e patinetes, o que torna o deslocamento sem carro mais atraente. O transporte público de qualidade completa o ciclo, permitindo que a população substitua o automóvel por meios coletivos ou alternativos.

A redução da poluição nas cidades, segundo Flávia Martinelli, especialista em mudanças climáticas do WWF-Brasil, depende de decisões políticas que funcionem de forma conjunta.

“Para reduzir a poluição nas cidades, é preciso uma combinação de políticas públicas. De nada adianta incentivar o uso da bicicleta se não houver ciclovias seguras ou transporte coletivo eficiente. As ações precisam estar integradas à realidade urbana”, afirma Flávia.

Gestão de resíduos e rios recuperados

A gestão de resíduos e o tratamento de esgoto também são pilares essenciais nas cidades que reverteram a poluição. Desde a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, municípios brasileiros criaram programas de reciclagem, usinas de aproveitamento do metano e parcerias público-privadas para descartar o lixo de forma correta.

Soluções de drenagem inteligente, como estratégias modernas de engenharia urbana que imitam o comportamento natural da água na paisagem também se tornaram realidade. Algumas cidades vêm desenterrando rios e construindo parques lineares que funcionam como bacias de contenção. Além de reduzir enchentes, essas ações melhoram a qualidade da água e devolvem os cursos da água à paisagem urbana.

Crescimento urbano com mais verde e menos trânsito

Depois de investir em mobilidade e gestão de resíduos, muitas cidades aumentaram a atenção à forma como ocupam o território. Áreas verdes, ruas arborizadas e praças acessíveis ajudam a melhorar a qualidade do ar e reduzem a temperatura em regiões muito povoadas.

“As soluções baseadas na natureza têm se mostrado especialmente eficazes porque funcionam como filtros vivos, estabilizam o microclima urbano e ajudam a reduzir a concentração de poluentes de forma contínua”, conta Ana Carolina Nadalini, engenheira ambiental e professora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE).

Outra estratégia tem sido a criação de polos de serviços e comércio. Ao invés de concentrar tudo no centro, a descentralização reduz a necessidade de deslocamentos longos. A estratégia alivia o trânsito e diminui a emissão de gases provenientes dos automóveis.

Cidades que investem em áreas verdes e descentralização do comércio conseguem diminuir deslocamentos e reduzir emissões de poluentes. Foto de Curitiba, no Paraná.

Educação e políticas públicas precisam caminhar juntas

Samanta Pineda, advogada e consultora jurídica da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), afirma que o envolvimento da população é decisivo para que as mudanças adotadas pelas cidades sejam eficazes.

“Nenhuma política ambiental se sustenta sem a participação da sociedade. As leis são importantes, mas o engajamento das pessoas é o que garante resultados reais”, detalha Samanta.

Campanhas de educação ambiental, coleta de lixo eficiente e serviços públicos bem organizados contribuem para fortalecer a adesão a essas práticas sustentáveis.

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