Empresas citam IA para justificar cortes e frear contratações

Nas últimas semanas, grandes companhias globais passaram a mencionar abertamente a inteligência artificial como fator direto para demissões e congelamentos de vagas, como explica uma matéria da Bloomberg.

Lufthansa, ING e a sul-coreana Krafton estão entre as que anunciaram reduções, alegando ganhos de eficiência proporcionados pela tecnologia — algo que, até recentemente, muitas evitavam declarar para evitar repercussões negativas.

Empresas começam a admitir publicamente que tecnologia de IA permite operar com menos pessoas (Imagem: Moor Studio/iStock)

IA entra no discurso corporativo

Relatórios financeiros e apresentações a investidores mostram que executivos vêm destacando a IA como motor de produtividade que permite operar com menos pessoas.

Nos EUA, 48.414 cortes de empregos foram atribuídos à inteligência artificial neste ano, sendo mais de 31 mil apenas em outubro, segundo a consultoria Challenger, Gray & Christmas.

O salto chamou atenção de autoridades, incluindo o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e reacendeu debates sobre até que ponto a tecnologia está substituindo postos de trabalho ou apenas servindo como justificativa conveniente para ajustes já planejados.

Empresas como Amazon, Microsoft e Oracle estão reduzindo custos em várias frentes ao mesmo tempo que reforçam investimentos em data centers, chips e infraestrutura de IA.

Outras, como a C.H. Robinson e a IBM, afirmam ter reduzido dependência de tarefas manuais graças à automação e a agentes capazes de assumir atividades repetitivas.

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Anúncios de demissões ligadas à inteligência artificial disparam e chamam atenção de autoridades (Imagem: pcess609/iStock)

Adoção crescente e novos cortes à vista

Mesmo quando demissões não são atribuídas diretamente à IA, executivos usam a tecnologia para elevar o nível de exigência em novas contratações.

A Shopify exige que equipes justifiquem por que não podem usar IA antes de pedir reforços, enquanto a ServiceNow diz substituir rotinas “desmotivadoras” por agentes automatizados.

Com desenvolvedores acelerando a criação de sistemas mais autônomos, analistas preveem que o impacto sobre o emprego deve aumentar.

O Goldman Sachs calcula que clientes podem reduzir quadros em até 11% nos próximos três anos impulsionados pela IA — tendência que o próprio banco admite estar prestes a seguir.

De bancos a varejistas digitais, empresas exigem que áreas provem que a IA não pode executar determinada função antes de contratar (Imagem: Stokkete/ Shutterstock)

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