O físico e climatologista Paulo Artaxo afirmou em entrevista ao Olhar Digital News que o Brasil pode sofrer consequências mais severas do que outros países com o aumento da temperatura global. Segundo o especialista, o mundo está prestes a superar o limite de 1,5 ºC de aquecimento médio, estando no caminho para chegar a 2,8 °C.
Os dados foram divulgados durante uma apresentação realizada na Zona Azul da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática), no estande da Finlândia, no último dia 14. O Brasil, por estar em uma região tropical continental, corre o risco de sofrer impactos mais intensos, chegando a um aumento de 4 ºC a 4,5 ºC em relação ao período pré-industrial.
O limite de 1,5 °C foi determinado no Acordo de Paris, em 2015, e é tido pela comunidade científica como um número seguro para evitar que a crise climática piore.
Brasil é um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas
“75% da superfície do Planeta é água e água tem uma impressionante capacidade de absorver calor sem aumento a sua temperatura. Isso significa que em média os oceanos vão se aquecer menos do que a média global e as áreas continentais, como o Brasil, vão aumentar mais”, disse Artaxo, explicando que o Brasil é um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Vocês podem facilmente imaginar o que é um aumento de 4,5 graus em Palmas, em Teresina, em Cuiabá ou em Belém, este impacto é muito maior do que um aumento de 4 graus em Estocolmo, em Montreal ou em Moscou…
Paulo Artaxo, físico e climatologista, ao Olhar Digital
Fim dos combustíveis fósseis fica de fora da COP30
Segundo o especialista, uma das medidas que poderia ajudar a evitar um cenário catastrófico no futuro seria a proposta brasileira feita na COP30 para eliminar o uso de combustíveis fósseis nas próximas décadas. O projeto, no entanto, ficou de fora do relatório final do evento. A iniciativa, apoiada por mais de 80 países, enfrentou resistência firme de nações produtoras de petróleo, com destaque para a Arábia Saudita.
O impasse manteve negociadores em discussões até a madrugada deste sábado (22), refletindo a divisão profunda entre países que pressionam por metas concretas de eliminação progressiva de combustíveis fósseis e aqueles que defendem que menções a esse tema poderiam comprometer seu desenvolvimento econômico.
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A decisão representa um contraste significativo com o discurso ambicioso do presidente Lula que marcou o início da conferência, quando o Brasil mobilizou dezenas de países em torno da necessidade de um roteiro claro para superar a era dos combustíveis fósseis.
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