Um gigantesco anel brilhante no espaço, apelidado de “Anel de Diamante”, acaba de ter sua origem desvendada. O objeto, com 20 anos-luz de diâmetro, intriga astrônomos há anos.
Agora, pesquisadores liderados por Simon Dannhauer revelam que o fenômeno não é uma estrutura romântica, mas sim o que sobrou de uma bolha estelar que “estourou” há centenas de milhares de anos.
Um anel de diamante que engana até telescópios
O Anel de Diamante fica na constelação de Cygnus e sempre chamou atenção por parecer rodeado por um “diamante” luminoso. Mas essa ilusão foi finalmente esclarecida: o brilho mais intenso não faz parte do anel, e sim é um aglomerado de estrelas jovens que está algumas centenas de anos-luz mais perto da Terra, explica a Space.
Com novas simulações em 3D e observações atualizadas, a equipe de Dannhauer percebeu que o anel não tem nada a ver com a joia perfeita que aparenta ser. Trata-se do que restou de uma bolha estelar criada por intensa radiação e ventos de uma estrela massiva. Com o tempo, a bolha expandiu-se até ultrapassar os limites da nuvem que a formou, levando ao seu “estouro”.
Imagem: NASA/JPL-Caltech/Harvard-Smithsonian CfA
Tudo o que restou foi o formato plano característico. Pela primeira vez, observamos o estágio final de uma bolha de gás desse tipo em uma estrutura de nuvem nitidamente plana.
Simon Dannhauer, pesquisador da Universidade de Colônia, na Alemanha, em nota.
O que acontece quando uma bolha cósmica explode?
A maior parte das bolhas geradas por estrelas massivas cresce de forma esférica e revela sinais claros de expansão em diferentes direções. Mas o Anel de Diamante não exibia esses indícios.
A partir dos dados obtidos pelo SOFIA, observatório astronômico já desativado, os pesquisadores notaram que o anel era extremamente fino e se expandia muito mais devagar do que o esperado. A modelagem em computador mostrou que isso só faria sentido se a estrela tivesse se formado em uma camada de gás com cerca de seis anos-luz de espessura, muito mais fina do que as nuvens esféricas comuns.
Nessas condições, partes da bolha teriam escapado facilmente pelas regiões de menor densidade acima e abaixo da placa. Apenas o contorno mais denso, dentro da própria camada, teria sobrevivido. O resultado é esse anel amplo e achatado visto no espaço.
Como a estrutura provavelmente se formou:
A bolha nasceu da radiação e dos ventos de uma estrela jovem e massiva.
A nuvem onde a estrela se formou era fina e com formato de placa.
Partes da bolha se dissiparam rapidamente ao ultrapassar essa camada.
O que restou foi uma borda plana de gás, formando o anel atual.
Sua expansão atual é lenta e alinhada ao plano da antiga nuvem.
Um “recém-nascido” cósmico
Um dos resultados mais surpreendentes do estudo é a idade do anel. Antes, acreditava-se que ele tivesse milhões de anos. Porém, com os novos cálculos, a estrutura parece ser muito mais jovem: entre 400 mil e 500 mil anos — praticamente um bebê em termos astronômicos.
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Segundo o estudo, a bolha original só conseguiu crescer em três dimensões por cerca de 100 mil anos antes de suas extremidades se romperem e desaparecerem. Foi esse processo que deixou para trás o formato conhecido do objeto.
“Esses processos são cruciais para a compreensão da formação de estrelas em nossa Via Láctea”, destacou Robert Simon, coautor do estudo.
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