A contratação de Wei-Jen Lo, engenheiro taiwanês responsável por algumas das maiores inovações da indústria de semicondutores, deveria marcar um novo capítulo na tentativa da Intel de recuperar competitividade. Mas o movimento ganhou contornos geopolíticos.
Antes mesmo de assumir plenamente suas funções, Lo tornou-se alvo de uma investigação criminal em Taiwan, como mostra o Wall Street Journal.
Promotores taiwaneses confirmaram nesta quinta-feira (27) que realizaram buscas nas residências do executivo e apreenderam equipamentos, incluindo um computador.
A investigação apura suspeitas de transferência indevida de tecnologias consideradas sensíveis para a segurança nacional. A Justiça também autorizou o congelamento de bens de Lo.
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Disputa entre gigantes e temor de vazamento tecnológico
A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), ex-empregadora de Lo e líder mundial em fabricação de chips, acusa o engenheiro de violar contratos de confidencialidade e não concorrência ao migrar para a Intel.
A empresa entrou com uma ação judicial e diz temer que segredos comerciais sejam levados para a rival americana.
A Intel rebateu: “Não há motivos para acreditar que as alegações tenham fundamento”.
A disputa ocorre em um momento de forte pressão do governo dos EUA para reconstruir a capacidade doméstica de produção de chips.
A Intel, que recebeu apoio direto de Washington, tenta reverter anos de atraso tecnológico em relação à TSMC e à Samsung — e vê em Lo um nome-chave para reforçar sua engenharia.
Carreira histórica e tensão crescente no setor
Com passagens decisivas pela Intel nos anos 1980 e pela TSMC a partir de 2004, Lo ajudou a moldar avanços que transformaram a indústria global.
Mas seu retorno aos EUA reacendeu temores em Taiwan sobre fuga de talentos e espionagem corporativa — preocupações ampliadas por casos recentes envolvendo ex-executivos de alto nível.
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