Protestos globais pressionam Amazon durante a Black Friday

A campanha Make Amazon Pay (Faça a Amazon Pagar, em tradução livre) prepara uma nova onda de manifestações globais durante a Black Friday e a Cyber Monday. O movimento, que chega ao seu sexto ano, reúne trabalhadores, sindicatos e organizações de direitos humanos em mais de 30 países. O foco está nas práticas trabalhistas da companhia, em sua influência política e nos impactos ambientais associados às suas operações.

A intensificação das ações ocorre em um momento em que a presença da Amazon se estende para além do varejo, alcançando áreas como logística, computação em nuvem, segurança pública, controle de fronteiras e lobby político. Organizações envolvidas afirmam que esse avanço tem ampliado a influência da empresa em decisões econômicas e sociais em diversas regiões do mundo.

Protesto da campanha Make Amazon Pay em Bangladesh em 2024 (Imagem: Mamunur Rashid / Shutterstock.com)

Críticas ao modelo de atuação da Amazon

A coalizão acusa a Amazon de fomentar desigualdade e de fragilizar direitos democráticos. Entre os pontos citados está o financiamento à cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gesto que, segundo os organizadores, resultou em apoio a políticas de enfraquecimento sindical, desregulamentação e redução de proteções ambientais.

Christy Hoffman, secretária-geral da UNI Global Union, afirma que a combinação entre práticas corporativas e apoio político tem gerado impactos diretos na vida dos funcionários. “Amazon, Jeff Bezos e seus aliados políticos estão apostando em um futuro tecno-autoritário, mas neste Make Amazon Pay Day trabalhadores de todo o mundo estão dizendo: basta”, disse.

Para ela, a empresa “tem sufocado o direito dos trabalhadores a exercer democracia no local de trabalho, aprofundando desigualdades e comprometendo a organização coletiva”.

Jeff Bezos é alvo dos protestos do movimento Make Amazon Pay (Imagem: lev radin/Shutterstock)

David Adler, co-coordenador da organização política Progressive International, também aponta um cenário de vigilância intensa. Segundo ele, as tecnologias da Amazon estariam integradas a sistemas de repressão em diferentes contextos globais, contribuindo para operações que vão de ações migratórias a conflitos geopolíticos.

Relatos de condições de trabalho

Entre os trabalhadores, há queixas sobre metas consideradas excessivas e condições físicas difíceis. Em Manesar, na Índia, a funcionária de armazém Neha Singh descreveu ondas de calor que transformam o ambiente em “um forno”.

“Durante as ondas de calor, o depósito parece um forno — as pessoas desmaiam, mas as metas nunca param”, afirmou em comunicado.

Ela relata que faltas acarretam cortes de salário e que três ausências podem resultar em demissão. Para Singh, a adesão ao Make Amazon Pay é uma forma de reivindicar “segurança, dignidade e a chance de voltar para casa com vida”.

Impacto ambiental e influência política

Organizações ambientais também participam da mobilização. Para Sanna Ghotbi, da Greenpeace International, a atuação da Amazon representa “um exemplo claro do impacto destrutivo da Big Tech sobre pessoas e planeta”.

Amazon é acusada por seu “impacto destrutivo” sobre pessoas e o planeta (Imagem: Thrive Studios ID / Shutterstock)

A campanha sustenta que a empresa se tornou parte de uma “aliança entre gigantes tecnológicos e regimes repressivos”, ampliando riscos sociais e ambientais.

O grupo lembra que a companhia pagou US$ 1,4 bilhão a menos em impostos em sua última declaração em comparação com o mesmo período do ano anterior. Organizações envolvidas alegam que a empresa se beneficia de cortes tributários enquanto expande investimentos em automação e inteligência artificial, cenário que pode substituir milhares de empregos. Outro ponto levantado é o consumo de água e energia de seus data centers, descritos como alguns dos maiores do mundo.

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Protestos em vários continentes

Os protestos planejados buscam atingir diferentes frentes da operação global da Amazon. Na Alemanha, trabalhadores representados pelo sindicato ver.di programam paralisações. Nos Estados Unidos, grupos organizam atos na Cyber Monday contra contratos com a agência de imigração, que utilizaria sistemas da empresa em atividades de vigilância.

Na Europa, haverá ações na Dinamarca, Espanha, Grécia, Reino Unido, Polônia e Luxemburgo. Mobilizações também estão previstas em países como Austrália, Indonésia, Taiwan, Nepal, Palestina, Brasil, Colômbia e África do Sul. Além das manifestações presenciais, a campanha prepara atos digitais e intervenções visuais para destacar o alcance político e tecnológico da Amazon.

Demandas centrais do movimento

A coalizão Make Amazon Pay reivindica três pontos principais:

remuneração justa aos trabalhadores;

pagamento adequado de impostos;

e compensação pelos danos ambientais atribuídos à expansão do negócio.

Organizações envolvidas afirmam que continuarão pressionando a empresa nos próximos meses, especialmente diante do aumento da automação e da influência política da companhia em diferentes países.

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