Microdoses de cannabis ajudam contra Alzheimer leve, indica estudo brasileiro

À medida que a população mundial envelhece, aumenta também o número de pessoas vivendo com demências, como o Alzheimer.

Diante da falta de tratamentos curativos, cresce o interesse por alternativas que possam retardar o declínio cognitivo — entre elas, os canabinoides da cannabis.

Um estudo brasileiro recém-publicado no Journal of Alzheimer’s Disease testou microdoses da planta em pacientes com Alzheimer leve, trazendo sinais iniciais de benefício.

Resultados modestos sugerem possível uso preventivo no tratamento do Alzheimer (Imagem: Rido / Shutterstock)

Microdoses sem efeitos psicoativos

O ensaio clínico, conduzido na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), investigou o uso diário de um extrato contendo THC e CBD em concentrações muito baixas — insuficientes para provocar efeitos psicoativos.

Segundo Fabrício Pamplona, Doutor em Farmacologia na UFSC, “essas doses subpsicoativas atuam quase como uma suplementação, modulando sistemas biológicos sem alterar a consciência”.

Após 24 semanas, os participantes que receberam o extrato apresentaram estabilização em uma das medidas da escala ADAS-Cog, enquanto o grupo placebo mostrou piora.

O efeito foi modesto, mas estatisticamente relevante.

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Cannabis medicinal mostra potencial contra o Alzheimer – Imagem: OMfotovideocontent/Shutterstock

Um possível novo caminho terapêutico

Para Pamplona, os achados se somam a evidências de que o sistema endocanabinoide sofre declínio com o envelhecimento, e que estimular esse sistema pode proteger o cérebro.

Ele lembra também de seu próprio estudo, publicado em 2022, indicando redução de mediadores inflamatórios em cérebros envelhecidos.

Apesar das limitações — como amostra pequena e efeitos restritos —, Pamplona afirma que o trabalho representa “o primeiro ensaio clínico a testar microdoses de cannabis com resultados positivos em Alzheimer”.

Ele ressalta que mais pesquisas são necessárias, mas acredita que a abordagem abre espaço para terapias preventivas sem impactos psicoativos.

Ensaio clínico aponta melhoria discreta e reforça aposta em tratamentos de baixa dose para idosos (Imagem: Shutterstock/Inside Creative House)

O texto original sobre o tema foi publicado no The Conversation.

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