Solidão no envelhecimento: como lidar com esse sentimento que cresce com a idade

A entrada na maturidade costuma vir acompanhada de mudanças profundas na rotina, no corpo e nas relações. Para muitos, esse período também traz um sentimento difícil de nomear, mas fácil de reconhecer: a solidão. Foi o que revelou Alexandre Borges, de 58 anos, ao refletir sobre a perda dos pais e do grande amigo Zé Celso. Em entrevista recente, o ator descreveu o envelhecimento como um “processo solitário”, marcado por vazios que exigem reinvenção constante.

Alexandre contou que ainda busca equilíbrio entre a vida ativa, o trabalho e o impacto emocional das ausências. Para ele, a falta de figuras importantes ao longo dos últimos anos escancarou uma verdade incômoda: “De repente você está órfão.” A confissão do ator, que divide a rotina entre duas cidades e mantém uma presença discreta nas redes sociais, mostra como esse sentimento pode atravessar a vivência de qualquer pessoa, mesmo aquelas cercadas por público e reconhecimento.

A experiência de Alexandre também ilustra um ponto importante: a solidão não depende da quantidade de gente à volta, mas do tipo de vínculo que existe. E, segundo dados internacionais, esse é um dos maiores desafios da terceira idade.

O que acontece com a saúde quando a solidão se instala?

A solidão e o isolamento social são diferentes, mas caminham lado a lado. A solidão é a sensação de desconexão, mesmo na presença de outras pessoas. Já o isolamento é a falta de contato social frequente. Ambos aumentam o risco de problemas sérios, como depressão, declínio cognitivo, pressão alta, doenças cardíacas e até maior mortalidade.

Estudos mostram que pessoas que se sentem solitárias tendem a praticar menos atividade física, dormir mal, consumir mais álcool, ter mais ansiedade e apresentar pior imunidade.

A ausência de vínculos também afeta o cérebro. O risco de demência e Alzheimer cresce em quem vive isolado, e tarefas diárias — como organizar contas, tomar medicação ou cozinhar — podem se tornar mais difíceis.

Por que a solidão afeta tanto os idosos?

O avanço da idade acumula fatores que favorecem o isolamento:

Perdas familiares e de amizades
Limitações de mobilidade
Problemas de visão e audição
Aposentadoria
Mudanças de rotina
Morar sozinho
Dificuldades financeiras
Falta de transporte
Doenças crônicas que dificultam sair de casa

Mesmo pessoas com vida social ativa podem sentir esse esvaziamento emocional, como descreveu Alexandre Borges ao falar sobre a necessidade de “se preservar mesmo com os vazios”.

Como enfrentar a solidão no envelhecimento

Se a solidão é comum, ela também pode ser manejada com ações práticas. Veja caminhos que ajudam a reconstruir vínculos e proteger a saúde emocional:

1. Reaproxime-se de vínculos significativos

Conversas frequentes, mesmo digitais, ajudam a diminuir a sensação de desconexão. Videochamadas com familiares e amigos podem ser uma ponte afetiva importante quando a distância física dificulta o encontro presencial.

2. Crie uma rotina que inclua outras pessoas

Aulas, oficinas, atividades físicas em grupo, corais, clubes de leitura e trabalhos voluntários ampliam o contato social. A presença em ambientes comunitários reduz o isolamento e fortalece o senso de pertencimento.

3. Exercite o corpo para movimentar a mente

A atividade física melhora humor, sono e cognição, além de estimular interações ao longo do dia. Caminhadas, hidroginástica, academias para idosos ou dança são boas opções.

4. Mantenha estímulos intelectuais

Estudar, ler, fazer cursos leves, aprender um novo hobby ou idioma mantém o cérebro ativo e diminui o risco de declínio cognitivo.

5. Busque apoio quando necessário

Psicoterapia e grupos de apoio podem ajudar na elaboração das perdas e na construção de novas formas de convivência. Ninguém precisa enfrentar o isolamento sozinho.

6. Torne a tecnologia uma aliada

Celulares, tablets e redes sociais podem ampliar o acesso a conversas, atividades e serviços. Adaptar-se aos recursos digitais facilita manter conexões mesmo sem sair de casa.

7. Peça ajuda para questões práticas

Dificuldades de transporte, locomoção ou tarefas domésticas podem ser um dos motores do isolamento. Contar com familiares, vizinhos, cuidadores ou serviços comunitários diminui essas barreiras.

8. Cultive propósito

Atividades que despertam interesse, como voluntariado, artesanato, jardinagem ou participação em causas, ajudam a reorganizar a vida após perdas.

Resumo:
A reflexão de Alexandre Borges sobre perdas e solidão joga luz sobre um desafio comum no envelhecimento. A solidão e o isolamento social aumentam riscos de depressão, doenças cardíacas e declínio cognitivo, mas podem ser enfrentados com rotinas sociais, estímulos intelectuais, atividade física, tecnologia e apoio profissional. Cuidar das conexões é essencial para preservar saúde e bem-estar na maturidade.

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