Nos últimos anos, o Brasil enfrentou surtos consecutivos de dengue, o que reforçou a necessidade de ampliar nosso arsenal de proteção. Agora, a vacina de dose única contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan avança para a etapa final antes do uso nacional. Na última quarta-feira (26), o Butantan e a Anvisa assinaram o Termo de Compromisso que antecede o registro definitivo da vacina Butantan-DV, um passo que, portanto, abre caminho para sua inclusão no calendário vacinal.
A tecnologia usa o vírus vivo atenuado, já estudado e aprovado em outras vacinas virais. O desenvolvimento levou uma década e contou com parceria do Ministério da Saúde. Especialistas destacam que a proposta de dose única pode facilitar a adesão — um dos grandes desafios da imunização contra a dengue.
Como a vacina Butantan-DV protege?
De acordo com estudos conduzidos ao longo de cinco anos, a vacina Butantan-DV protege contra os quatro sorotipos da dengue. Ainda que exista variação de eficácia entre eles, o desempenho geral impressiona: 74,7% de eficácia global e 91,6% de proteção contra casos graves ou com sinais de alerta. Além disso, todos os episódios que poderiam levar à hospitalização foram evitados.
Esses resultados reforçam o potencial da nova imunização contra dengue, especialmente para grupos que vivem em regiões endêmicas.
Novo imunizante brasileiro promete ampliar a proteção contra a dengue com apenas uma aplicação – Crédito: FreePik
Quem poderá receber a vacina de dose única contra a dengue?
O primeiro público contemplado será o de 12 a 59 anos. Mais de 16 mil voluntários de 14 estados participaram dos estudos clínicos de fase 3 entre 2016 e 2024, o que garantiu dados robustos sobre segurança e eficácia.
Por usar vírus vivo atenuado, a vacina não será aplicada inicialmente em gestantes, imunocomprometidos e idosos. No entanto, o compromisso firmado entre Anvisa e Butantan prevê justamente a continuidade das pesquisas nesses grupos, o que, portanto, pode ampliar o acesso no futuro.
Quando a imunização contra dengue chega ao SUS?
Segundo o Ministério da Saúde, os primeiros brasileiros devem receber a dose já no início do ano que vem. O Butantan prevê a produção de 30 milhões de doses até meados de 2026, em parceria com o laboratório chinês WuXi Biologics.
O instituto já tem 1 milhão de doses prontas, o que pode permitir que a vacina Butantan-DV entre no Programa Nacional de Imunizações (PNI) ainda no começo do ano.
Embora o SUS já ofereça a Qdenga desde 2024, muitos adolescentes não completam as duas doses. Assim, a vacina de dose única contra a dengue surge como uma alternativa para ampliar a cobertura e, consequentemente, reduzir casos graves no país.
Resumo: A nova vacina do Butantan, aplicada em dose única, promete facilitar a adesão e ampliar a proteção contra os quatro sorotipos da dengue. Estudos mostram alta eficácia e segurança para pessoas de 12 a 59 anos. A previsão é que as doses comecem a ser aplicadas no SUS no início de 2026. A chegada do imunizante pode transformar o cenário epidemiológico brasileiro.
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