Após comunicar um recall da família A320 na semana passada, a Airbus informou, nesta segunda-feira (1), que o modelo de aeronave passa por outro problema: dessa vez, de qualidade industrial, tendo a ver com painéis metálicos de algumas unidades.
Um porta-voz da Airbus afirmou que o novo problema se originou em um único fornecedor. Contudo, o nome da empresa não foi revelado. “A origem do problema foi identificada, contida e todos os painéis recém-produzidos estão em conformidade com todos os requisitos”, disse.
Airbus A320 com sérios problemas
No fim de semana, mais da metade da frota da família A320 rodando mundo afora saiu temporariamente de circulação para correção de problema relacionado a vulnerabilidade de software à radiação solar;
Apesar da dor de cabeça, a própria Airbus já havia comunicado que o processo levaria duas horas, o que, supostamente, diminuiria o impacto nos voos da aeronave;
Nesta segunda-feira (1), os voos do A320 começaram a ser gradativamente retomados, sendo que menos de 100 deles estão precisando de reparo de software mais complexo que os demais;
Apesar de o problema industrial não ter afetado os aviões em serviço, supostamente, as ações da Airbus fecharam o dia em baixa de 5,9% em Wall Street.
Em comunicado, o CEO da Airbus, Guillaume Faury, pediu desculpas pelo que classificou como “desafios lógicos e atrasos”, afirmando que as equipes da empresa estão realizando “a correção o mais rápido possível”.
Atualização de software
Como dito acima, o software com problemas nos A320 começaram a ser atualizados já na noite de sexta-feira (28). As reguladoras mundiais de tráfego aéreo pediram que os modelos afetados ficassem no chão, o que ocorreu em aeroportos de Europa, Ásia e América Latina.
A medida pareceu funcionar e limitar os transtornos. A seguir, veja uma lista compilada pelo g1 sobre alguns dos principais aeroportos do mundo e suas normalizações após o recall.
Reino Unido: A Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido disse que as companhias aéreas locais trabalharam à noite para realizar a atualização, sem interferir, de forma séria, no tráfego aéreo britânico.
O Aeroporto de Gatwick, em Londres, reportou “algumas interrupções”, enquanto o de Heathrow disse que não registrou cancelamentos. O de Manchester informou que não previa grandes problemas. Por fim, o de Luton disse que “nenhum impacto é esperado”.
Austrália e Nova Zelândia: Na Austrália, a companhia aérea de baixo custo Jetstar cancelou 90 voos. A maior parte de suas aeronaves já passou pela atualização, mas ainda são previstas algumas interrupções ao longo do fim de semana. Já a Air New Zealand manteve seus aviões A320 em solo, mas todos os voos foram retomados após a conclusão do procedimento de atualização.
Estados Unidos: A American Airlines, maior operadora de A320 do mundo, informou que 209 dos seus 480 aviões do modelo precisavam da correção e que a maioria seria atualizada até esta segunda-feira (1). Outras companhias dos EUA, como Delta, JetBlue e United, também estão entre as dez maiores operadoras da família A320.
Europa Continental: A europeia Wizz Air, companhia aérea de baixo custo, afirmou na manhã de sábado (29) que todas as suas aeronaves A320 afetadas receberam a atualização de software durante a noite e que não previa novas interrupções.
Segundo dados dos serviços de rastreamento Cirium e FlightAware, a maior parte dos aeroportos ao redor do mundo operava com níveis de atraso entre moderados e bons.
A Lufthansa, da Alemanha, disse esperar poucos atrasos ao longo do fim de semana, mas não detalhou como fará a atualização de software de seus 156 aviões da família A320. Já a Air France cancelou 38 voos para realizar o procedimento, o que representou impacto em 5% de sua frota diária.
Kuwait: A autoridade de aviação do Kuwait informou que concluiu todas as atualizações necessárias na frota de aeronaves da família A320.
Colômbia: A Avianca, da Colômbia, informou que o recall afetou mais de 70% de sua frota, o que levou a companhia a suspender a venda de passagens para voos até 8 de dezembro.
Índia: O órgão regulador de aviação da Índia informou que 338 aeronaves Airbus no país foram afetadas, mas que a atualização de software deve ser finalizada até domingo. A IndiGo, maior companhia aérea indiana, declarou ter concluído o procedimento em 160 de seus 200 aviões, enquanto a Air India afirmou ter realizado o ajuste em 42 dos 113 modelos envolvidos. As duas empresas alertaram para possíveis atrasos.
Taiwan: A Administração de Aviação Civil de Taiwan orientou as companhias aéreas a realizar inspeções e manutenção. A entidade calcula que cerca de dois terços dos 67 A320 e A321 em operação no território foram impactados.
Macau: A Autoridade de Aviação Civil de Macau informou que solicitou à Air Macau a adoção de medidas para resolver o problema, incluindo o remanejamento de voos para reduzir o impacto aos passageiros.
Japão: A ANA Holdings, a maior companhia aérea do Japão, cancelou 95 voos no sábado, afetando 13,5 mil passageiros. A empresa e suas subsidiárias, como a Peach Aviation, operam a maior frota de aeronaves A320 no país. Sua principal concorrente, a Japan Airlines, utiliza predominantemente aviões da Boeing e não opera o modelo A320.
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E no Brasil?
No Brasil, duas companhias operam com o modelo: a Latam e a Azul. Em comunicados enviados ao g1, ambas afirmaram que não serão afetadas pelo recall. O Olhar Digital pediu um posicionamento oficial das empresas.
Em nota enviada ao OD, a Azul confirmou que nenhum modelo A320 da empresa precisou passar por recall e reforçou que “a operação da frota segue dentro da normalidade“.
A Latam também se posicionou, afirmando que algumas afiliadas, como a da Colômbia, poderão ter “impacto muito limitado” com o recall — mas o Brasil não está nessa lista.
Recall da Airbus foi um dos maiores da história
O recall de seis mil aeronaves da família A320 — mais da metade da frota mundial desses modelos — tornou-se um dos mais amplos em 55 anos de história da Airbus, representando um revés significativo para a fabricante europeia. A medida foi anunciada semanas depois de o A320 superar o Boeing 737 como o avião mais entregue de todos os tempos.
De acordo com a Reuters, a Airbus informou às companhias aéreas que os reparos emergenciais podem ser menos complexos do que se temia inicialmente. Menos aeronaves, segundo a empresa, deverão passar por trocas de hardware, sendo que a maior parte demandará apenas a reinstalação de uma versão anterior do software.
Apesar disso, executivos do setor afirmam que a decisão, tomada de forma abrupta, é incomum e pode gerar custos elevados, especialmente em um momento em que o setor de manutenção já enfrenta desafios globais relacionados à escassez de mão de obra e de peças.
O episódio que levou à adoção da medida envolveu um voo da JetBlue que partiu de Cancún, no México, com destino a Newark, em Nova Jersey, em 30 de outubro, segundo fontes ouvidas pela Reuters. O voo 1230 precisou realizar um pouso de emergência em Tampa, na Flórida (EUA), após apresentar um problema no controle de voo e sofrer uma queda repentina e não comandada de altitude. Várias pessoas foram levadas ao hospital.
Atualmente, há cerca de 11,3 mil aeronaves da Airbus em operação no mundo, das quais 6,44 mil pertencem à família A320 — o principal produto da fabricante. A correção recomendada pela empresa consiste na reinstalação de um software anterior. Embora considerada relativamente simples, a atualização precisa ser aplicada antes que os aviões possam retornar às operações.
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