Líderes reconhecem o valor da IA generativa, mas não sabem como implementá-la estrategicamente

Está na hora de superarmos a “hype da Inteligência Artificial” e começarmos a criar modelos de negócios que criem e capturem valor. A IA generativa desponta como uma das tecnologias mais impactantes da atualidade, com potencial para transformar indústrias, processos e modelos de negócio. No entanto, o estudo da Deloitte “Designing the C-suite for generative AI adoption” revela um desafio crítico: apesar do reconhecimento quase unânime do valor dessa tecnologia, muitos líderes ainda não conseguem implementá-la de forma estratégica e integrada.

A pesquisa, que ouviu executivos de alto nível em diferentes setores, mostra que mais de 80% dos líderes consideram a IA generativa uma prioridade para suas organizações. Contudo, menos de um terço possui uma estratégia clara que ultrapasse a fase de experimentação. Esse descompasso evidencia uma lacuna entre o entusiasmo pela tecnologia e a capacidade de convertê-la em vantagem competitiva sustentável.

Investimentos e iniciativas

O relatório destaca que muitas empresas investem em projetos-piloto e na aquisição de ferramentas, mas essas iniciativas permanecem frequentemente isoladas, desconectadas dos objetivos estratégicos. Essa fragmentação limita o impacto real da IA generativa e pode gerar frustração tanto nos times técnicos quanto nas áreas de negócio. De forma geral, estamos passando muito tempo na fase de letramento e consciência sobre o potencial da IA, mas precisamos aumentar nossa prontidão para a geração de valor real com ela.

Projetos isolados e sem integração aos objetivos organizacionais reduzem o potencial transformador e frustram equipes técnicas e de negócio. (Imagem: alejomiranda/iStock)

Embora a maioria dos executivos reconheça a importância do desenvolvimento de competências específicas para lidar com IA generativa, menos da metade das organizações conta com programas estruturados de capacitação e governança. Isso cria um ambiente onde o uso da tecnologia pode ser inconsistente, o que aumenta riscos relacionados à ética, segurança e qualidade dos resultados.

A pesquisa também evidencia que a falta de alinhamento entre áreas técnicas e de negócio é um dos maiores obstáculos para a implementação estratégica. Muitas vezes, as equipes técnicas adotam soluções sem compreender plenamente as necessidades e prioridades do negócio, enquanto os líderes carecem do conhecimento necessário para orientar a aplicação da tecnologia de forma eficaz.

IA Generativa como vantagem competitiva sustentável

Esse cenário reforça a necessidade de uma liderança que ultrapasse o papel tradicional de uma gestão focada em tecnologia e assuma uma atuação abrangente, que conecte aprendizado e inovação. O líder moderno deve promover a integração entre tecnologia, pessoas e processos, e garantir que a IA generativa seja incorporada de maneira ética, eficiente e alinhada aos objetivos organizacionais.

A falta de alinhamento entre áreas técnicas e lideranças impede que soluções de IA atendam às reais necessidades do negócio. (Imagem: lucadp/iStock)

A velocidade das transformações tecnológicas exige que as organizações se tornem ambientes de desenvolvimento contínuo, onde o aprendizado prático e contextualizado seja parte da rotina. Sem essa cultura, o investimento em IA generativa tende a se limitar a esforços pontuais, sem que sejam gerados impactos duradouros.

Isso porque o reconhecimento do valor da IA generativa não se traduz automaticamente em sucesso e impacto estratégico. Para isso acontecer, é fundamental que os líderes invistam na construção de estratégias robustas, capacitação constante e governança clara, que transformem o potencial da tecnologia em resultados concretos e sustentáveis.

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O futuro das organizações dependerá da capacidade de integrar as novas tecnologias de forma estratégica e humana, ampliando o potencial das pessoas e criando valor real para os negócios. E, para isso, é necessário um esforço consciente e coordenado no estímulo das capacidades internas, alinhamento das tecnologias aos objetivos do negócio, e fomento de uma cultura de aprendizado contínuo.

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