Quando visitou Urano em 1986, a sonda Voyager 2 registrou a descoberta de um cinturão de elétrons com um nível de energia muito acima do esperado. Tratado como natural à época, um estudo realizado quase 40 anos depois revelou que uma tempestade solar pode estar por trás do fenômeno energético.
A descoberta liderada pela Southwest Research Institute (SwRI) foi publicada em 21 de novembro na revista científica Geophysical Research Letters.
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Até hoje, o veículo histórico da Nasa foi o único a sobrevoar os “gigantes gelados” do nosso sistema solar, Urano e Netuno. As análises ocorreram em 1986 e 1989 e foram capazes de revelar o sistemas de luas e outros atributos de ambos planetas.
O vento solar é um fenômeno que acontece quando um fluxo de partículas carregadas de prótons e elétrons sai da coroa solar e parte em velocidade em direção ao Sistema Solar. Quando uma grande quantidade de partículas é liberada, ocorre a tempestade de vento solar, um evento que pode acontecer tanto em Urano quanto na Terra. No nosso planeta, ele pode criar auroras ou perturbações em sistemas tecnológicos, como satélites e comunicações de rádio.
De acordo com as observações realizadas pela Voyager 2, a comunidade científica acreditou por muito tempo que o ambiente radioativo do planeta era composto por um cinturão com partículas pesadas fracas e partículas leves muito fortes.
Porém, ao analisar novamente os dados da sonda, os pesquisadores descobriram pistas que não é bem assim: na verdade, a sonda passou em Urano quando seu sistema não estava em condições normais, pois um vento solar atingia o planeta no momento, “bagunçando” seus campos magnéticos e os deixando mais energéticos que o normal.
À época, os cientistas acreditavam que ondas de alta frequência produzidas pelo fenômeno do Sol apenas espalhariam os elétrons e eles se perderiam na atmosfera de Urano. Porém, ao comparar as observações da sonda com eventos parecidos na Terra, foi possível perceber que, sob certas circunstâncias, o vento solar acelerava os elétrons e tornava o cinturão recheado de energia, o que explica a região com um nível energético muito acima do esperado.
“Em 2019, a Terra passou por um desses eventos, que causou uma imensa aceleração de elétrons nos cinturões de radiação. Se um mecanismo semelhante interagisse com o sistema uraniano, isso explicaria por que a Voyager 2 detectou toda essa energia adicional inesperada”, explica a coautora do artigo, Sarah Vines, em comunicado.
Segundo os pesquisadores, a descoberta ressalta a importância de mandar missões futuras a Urano e Netuno, a fim de descobrir mais detalhes sobre seus sistemas.
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