Cientistas descobrem mutação que faz plantas se autofertilizarem

Em pesquisa mais recente, cientistas descobriram que uma mutação nas raízes tem feito plantas se autofertilizarem sem a necessidade do uso de produtos artificiais, que são responsáveis por produzir muitas emissões de gás carbônico (CO2), poluindo o meio ambiente. O estudo liderado pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca, teve os resultados publicados na revista científica Nature em 5 de dezembro.

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Para se desenvolver, as plantas necessitam de nitrogênio, mas a maioria só tem acesso através de fertilizantes. No entanto, um pequeno grupo de plantas é capaz de crescer sem a adição artificial. Até o momento, cientistas do mundo inteiro só sabiam que o mecanismo acontecia através de uma parceria entre os vegetais e bactérias capazes de transformar o nitrogênio em um formato passível de absorção, mas ainda não sabiam como o processo acontecia.

Para entender melhor, é necessário compreender o comportamento das plantas: elas possuem receptores na superfície celular que detectam sinais químicos de microrganismos presentes no solo. Eles são responsáveis por julgar se os compostos liberados são “amigos” ou “inimigos”. Se for aliado, o vegetal “deixa entrar”, mas se for indesejado, o sistema de segurança imunológico é ativado.

Em busca de respostas, os pesquisadores dinamarqueses identificaram que pequenas alterações nos receptores aconteciam devido a dois aminoácidos, fazendo as plantas “desligarem” por um tempo seu sistema de defesa imunológica e conseguindo realizar a parceria de cooperação com as bactérias, um comportamento conhecido como simbiose.

“Esta é uma descoberta notável e importante. Demonstramos que duas pequenas alterações podem fazer com que as plantas alterem seu comportamento em um ponto crucial: de rejeitar bactérias a cooperar com elas”, afirma a coautora do artigo, Simona Radutoiu, em comunicado.

Experimentos demonstraram potencial para o futuro

Após a descoberta, foi necessário provar que isso realmente acontecia: em experimento realizado em laboratório, os cientistas alteraram o comportamento da Lotus japonicus, uma leguminosa pertencente à família Fabaceae. O mecanismo também foi testado na cevada e funcionou.

“Atualmente, apenas pouquíssimas culturas conseguem realizar simbiose. Se pudermos estender isso a culturas amplamente utilizadas, poderemos fazer uma grande diferença na quantidade de nitrogênio necessária”, aponta Simona.

A longo prazo, a produção do próprio nitrogênio diminuiria consideravelmente o uso de fertilizantes artificiais, ajudando a poluir menos o nosso planeta.

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