Um novo estudo brasileiro trouxe evidências científicas importantes sobre uma planta muito usada na medicina popular. Pesquisadores mostraram que a Alternanthera littoralis, conhecida como periquito-da-praia, realmente tem ação anti-inflamatória, analgésica e anti-artrítica.
Os resultados foram divulgados pela Agência Fapesp e publicados no Journal of Ethnopharmacology. A espécie é típica do litoral brasileiro e figura há décadas no repertório de plantas usadas pela população para aliviar dores e inflamações, embora até agora faltassem testes rigorosos que comprovassem sua eficácia.
A pesquisa, realizada por equipes da UFGD, Unigran, Unesp e Unicamp, avaliou o extrato etanólico das partes aéreas da planta em modelos experimentais de artrite.
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Efeitos comprovados em modelos experimentais
Antes dos testes, os cientistas mapearam os compostos químicos presentes no extrato para entender que tipos de moléculas poderiam estar relacionadas ao efeito terapêutico. Em seguida, observaram como ele influenciava parâmetros inflamatórios.
De acordo com Arielle Cristina Arena, professora da Unesp responsável pelas análises toxicológicas, os resultados mostraram redução significativa do edema, melhora da função articular e modulação de mediadores inflamatórios, além de indícios de um efeito antioxidante que ajuda a proteger tecidos inflamados.
Esses achados dão respaldo científico ao uso tradicional da planta e reforçam o potencial da biodiversidade brasileira como fonte de novas terapias. Mesmo assim, os pesquisadores alertam que o extrato ainda não está pronto para ser usado clinicamente.
Por que a planta ainda não pode ser usada como tratamento
Antes disso, são necessárias análises toxicológicas mais completas, a padronização do extrato — etapa que garante estabilidade, segurança e concentração adequada dos compostos — e estudos clínicos em humanos para confirmar eficácia e segurança.
O trabalho também chama atenção para a importância de investigar plantas usadas na medicina popular com métodos modernos. Para os autores, compreender melhor como os compostos atuam no organismo, identificar doses seguras e estabelecer métodos de produção confiáveis é fundamental para que, no futuro, espécies como a Alternanthera littoralis possam se transformar em medicamentos fitoterápicos validados.






