A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgaram nota conjunta restringindo o uso de testosterona por mulheres.
O documento, publicado na quinta-feira (11/12), busca orientar condutas clínicas com base em evidências científicas consolidadas e criticam o aumento de prescrições de testosterona sem respaldo técnico. Com isso, o texto se opõe a usos como chips da beleza e outros hormônios com fins estéticos, que já eram condenados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
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Só um uso para a testosterona em mulheres
Segundo o comunicado, a única indicação reconhecida para tratamento com testosterona em mulheres envolve transtorno do desejo sexual hipoativo. A recomendação se aplica de forma específica a mulheres na pós-menopausa, após avaliação clínica criteriosa de riscos e benefícios.
As entidades destacam que não existem outras indicações validadas. “Não há respaldo científico para uso com objetivo de disposição, ganho muscular ou emagrecimento. Também não existe base para propostas de rejuvenescimento hormonal”, esclarece a nota.
O texto ressalta que a prescrição fora desse contexto expõe mulheres a riscos relevantes. A lista inclui efeitos virilizantes como engrossamento da voz, crescimento de pelos e do clitóris, além de riscos cardiovasculares e metabólicos, além de impactos reprodutivos.
“O uso de testosterona fora da única indicação em mulheres aumenta o risco de toxicidade e tumores de fígado, alterações psicológicas e psiquiátricas, infertilidade e potenciais repercussões cardiovasculares como hipertensão arterial, arritmias, embolias, tromboses, infarto, AVC e aumento da mortalidade, além de alterações de outros exames laboratoriais, como os de colesterol e triglicerídeos”, sustentam.
Anvisa não aprova formulações femininas
A nota destaca que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não aprovou a formulação de testosterona para uso em mulheres no Brasil, com isso é difícil estabelecer indicativos de qualidade, segurança e eficácia nesse público.
As entidades afirmam que não existem valores de referência validados que definam parâmetros para uma deficiência androgênica feminina tratável. A ausência desses parâmetros impede o diagnóstico seguro e abrem brecha para reposição hormonal sem critérios.
“Cansaço, baixa energia ou alterações corporais não configuram indicação reconhecida. A avaliação clínica deve considerar múltiplos fatores”, dizem. As entidades afirmam que a nota busca esclarecer e proteger tanto médicos como pacientes para protegê-los de promessas terapêuticas sem base técnica.






