Após encontrar evidências de produção de fogo no sítio arqueológico inglês Barnham, um grupo de pesquisadores europeus concluiu que os humanos começaram a utilizar o artifício natural há pelo menos 400 mil anos, cerca de 350 mil anos antes do que as estimativas anteriores afirmavam. A descoberta foi publicada na última quarta-feira (10/12) na revista científica Nature.
Achados anteriores mostravam que neandertais localizados em regiões francesas há cerca de 50 mil anos tinham sido os pioneiros na produção controlada do fogo. A tese, porém, foi derrubada pela descoberta mais recente.
“Este é um sítio arqueológico de 400 mil anos onde encontramos as evidências mais antigas de produção de fogo, não apenas na Grã-Bretanha ou na Europa, mas em qualquer outro lugar do mundo. Essa é a descoberta mais emocionante dos meus 40 anos de carreira”, afirmou o autor principal do estudo, Nick Ashton, curador do Museu Britânico, em coletiva de imprensa.
O domínio do fogo pelos humanos foi um fator importante para a sobrevivência e evolução humana. Além de contribuir com o preparo de alimentos e auxiliar no desenvolvimento dos humanos, o artifício natural foi responsável – e é até hoje – pelo fornecimento de luz e calor. À época, ele também era importante para a proteção contra possíveis predadores e para deixar as armas de caça mais “afiadas”.
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A descoberta da primeira manipulação de fogo
O encontro das evidências ocorreram no sítio arqueológico inglês Barnham, localizado no condado de Suffolk, na Inglaterra. Após realizar escavações no local, arqueólogos do Museu Britânico identificaram sedimentos aquecidos e bifaces de sílex (ferramenta pré-histórica) com marcas de fogo próximos a dois pedaços de pirita de ferro. O último mineral era bastante usado para produzir faíscas juntamente com sílex.
Investigações posteriores confirmaram que as peças não foram queimadas por incêndios naturais provocados por queimadas ou a queda de raios. Outras avaliações ainda indicaram que a pirita não era comum no local onde foi achada e provavelmente foi trazida deliberadamente à região para produzir fogo.
“O surgimento dessa capacidade tecnológica proporcionou importantes benefícios sociais e adaptativos, incluindo a capacidade de cozinhar alimentos sob demanda — particularmente carne — aumentando assim a digestibilidade e a disponibilidade de energia, o que pode ter sido crucial para a evolução do cérebro dos hominídeos”, contaram os autores no artigo.






